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Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

O (velho) capitalismo está morto? Longa vida ao (novo)

Artigo de Luís Oliveira, Departamento de Finanças da ISCTE-IUL Business School

Negócios 13:00
Luís Oliveira, da ISCTE-IUL Business School, analisa a divergência entre EUA e UE
Luís Oliveira, da ISCTE-IUL Business School, analisa a divergência entre EUA e UE
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Luís Oliveira, Departamento de Finanças da ISCTE-IUL Business School

A pandemia de covid-19 trouxe desafios acrescidos ao capitalismo tal como o conhecíamos. A crise económica, social e sanitária provocada pela crise pandémica veio trazer para a linha da frente conceitos como comunidade e descentralização que se pautaram como de extrema importância para lidar com a crise de covid-19. A forma como diferentes países enfrentaram o problema, tem alguma relação com o sistema económico e financeiro que nesses mesmos países impera. Na gestão desta crise, o facto de a Europa ser mais pró-social terá tido um papel determinante.

Seguindo os melhores exemplos que permitiram enfrentar com maior êxito o problema sanitário do início da década, as empresas modernas também devem adotar um estilo de gestão onde os lideres possam dizer “nós” envolvendo toda a organização, partilhando responsabilidades e decisões verticalmente mais integradas.

Com efeito, o propósito das empresas modernas deve ser visto como a maximização da utilidade social como forma de maximizar o seu valor e, bem assim, o da economia onde operam, propósito este que vai muito além da mera geração de lucros para os acionistas..

Tradicionalmente, acreditava-se que o objetivo principal de uma empresa era maximizar o lucro para os acionistas (visão “shareholder value”, popularizada por Milton Friedman). Contudo, hoje em dia -num contexto de sustentabilidade, responsabilidade social e governança (ESG) - as empresas estão a evoluir para uma visão mais ampla e integrada, centrada na maximização da utilidade social, o que inclui, mas não se esgota, na mera geração de lucros.

“Maximizar a utilidade social” implica que a empresa crie valor para todas as partes interessadas (stakeholders) e não apenas acionistas, atuando de forma ética, sustentável e inclusiva dando um contributo positivo para a sociedade e para o meio ambiente. As empresas modernas procuram cada vez mais estabelecer uma forte ligação entre utilidade social e valor económico. Esta abordagem ética e sustentável não só fortalece o seu próprio valor e propósito, mas também visa conquistar a confiança de consumidores e investidores, atrair profissionais mais qualificados e reduzir riscos a nível legal, ambiental e reputacional. Hoje, a maximização da utilidade social é indissociável da maximização do valor da empresa.

Num mundo em que os stakeholders exigem transparência, ética e sustentabilidade, empresas que negligenciam o impacto social e ambiental correm o risco de perder relevância. O novo paradigma empresarial pode ser resumido como ‘O lucro é o resultado natural de uma atuação socialmente útil’.

Paradoxalmente (ou não), a maximização da utilidade social não é antagónica à maximização do valor é, sim, e cada vez mais, o caminho para a alcançar. O objetivo é gerar valor económico de forma sustentável, ética e socialmente útil, criando benefícios duradouros para acionistas, colaboradores, clientes, comunidades e para o planeta, assegurando prosperidade para todos.

O velho capitalismo está morto? Longa vida ao novo capitalismo.

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