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Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Tendência, alavancagem e ativos de risco. Realidade vs. Jogo

Artigo de Paulo Monteiro Rosa, Economista Sénior do Banco Carregosa

Negócios 04 de Novembro de 2025 às 13:00
 Paulo Monteiro Rosa, Economista Sénior do Banco Carregosa
Paulo Monteiro Rosa, Economista Sénior do Banco Carregosa
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Dificilmente alguém vencerá o jogo da bolsa sem seguir, pelo menos, três princípios fundamentais: apostar em ativos de risco, recorrer à alavancagem e identificar corretamente a tendência do mercado ou dos títulos em que pretende abrir posição - longa (aposta na subida) ou curta (acredita na descida).

Por ativos de risco entendem-se sobretudo ações e criptomoedas, bem como todo o tipo de derivados, que permitem alcançar o nível de alavancagem necessário para aspirar à vitória neste jogo. Contudo, de pouco serve estar alavancado e exposto a ativos de risco se a tendência escolhida estiver errada. Da mesma forma, acertar na tendência, mas investir de forma conservadora e sem alavancagem deixará qualquer participante para trás face aos que assumem maior risco.

Tal como quase tudo na vida, a tendência é fundamental nos mercados financeiros. Gestores de patrimónios e “traders” das salas de mercado ouvem frequentemente a pergunta clássica: “Este ativo vai subir ou descer?” Há décadas que quem gere fundos ou executa ordens não pode - nem deve - dar esse tipo de resposta direta, por força da regulamentação (DMIF) e pela simples razão de que ninguém possui uma bola de cristal. O futuro é, por definição, imprevisível. Os profissionais mais experientes limitam-se a analisar dados e tendências, respondendo à embaraçosa questão com um prudente “a tendência é de alta” ou “de baixa”, fundamentando a leitura com indicadores macroeconómicos ou resultados empresariais recentes - mas salvaguardando sempre, no final: “Agora, se o mercado vai subir ou descer, não sei.”

Os participantes do jogo da bolsa que optam por investir em índices devem recorrer à alavancagem, já que o objetivo é maximizar o potencial de ganhos. Embora a postura mais prudente - e adequada à gestão real de um portefólio - seja frequentemente muito diferente, vencer o jogo da bolsa exige outra lógica: é necessário assumir níveis de risco e de alavancagem substancialmente mais elevados, operando quase sempre na “linha vermelha” do que seria aceitável num contexto de investimento profissional.

Assim, como o objetivo do jogo é vencer - e não preservar capital com retornos ajustados à realidade - a estratégia mais eficaz tende a ser a mais agressiva possível, e apenas exequível num contexto lúdico, nunca na vida real. Apesar de insustentável no médio e longo prazo, uma postura fortemente alavancada é a que mais probabilidades oferece para a conquista do primeiro lugar no jogo da bolsa. Prova disso é o vencedor da última edição: começou com 100 mil euros e terminou com cerca de 932 mil euros, multiplicando o portefólio por mais de nove vezes - uma valorização de 832% num universo à volta de mil participantes. Um resultado que deixaria corados muitos gestores de fundos da vida real, e que, em tom de brincadeira, faria deste vencedor um candidato natural a ser contratado pela melhor gestora de fundos do mundo. Porém, se de um lado temos um jogo, do outro está a realidade - e entre ambos existe um abismo chamado risco.

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