Quando a Continental chegou à Mabor em 1990, inicialmente numa joint-venture com o Grupo Amorim, só produzia pneus para automóveis e viaturas comerciais ligeiras. A produção até ao final daquele ano foi de cerca de 6 mil pneus diários. Quatro anos depois a produção triplicara para 18 mil pneus por dia. Em 2005 iniciou-se a produção dos pneus SUV, seguindo-se os pneus de alta performance em 2013. Ao mesmo tempo, novos equipamentos foram instalados e a unidade de produção foi sucessivamente ampliada.
Como Pedro Carreira, presidente da Continental Mabor, explicou ao Negócios no ano passado, além dos novos equipamentos e novas tecnologias, "desde o início existiu uma forte aposta na qualificação de todos os colaboradores, desde formação no posto de trabalho à formação noutras fábricas do grupo, bem como com o recurso a entidades nacionais ou internacionais, credenciadas para este efeito", e, "o trabalho em equipa foi desde o primeiro dia, o maior sinal que pudemos dar ao nosso acionista, ou seja, que todos estavam comprometidos com o desempenho, com a nova forma de trabalhar, com este novo e importante projeto".
Os pneus agrícolas
Em 2017, veio o centro de competências para pneus radiais e o desenvolvimento de pneus agrícolas para tratores e máquinas de ceifar, e, em 2019, a produção de pneus OTR (fora da estrada) para aplicações especiais em diversas máquinas portuárias, minas e movimentação de terras, que é hoje uma linha de produtos completamente nova na unidade industrial, o que foi capital para a Continental Mabor.
Como sublinhou então Pedro Carreira, "a instalação da área de desenvolvimento permitiu-nos trazer o Centro de Testes e Avaliação desses mesmos pneus, isto é, diversificar a área de negócios que, para nós, é um fator estratégico, pois em momentos mais difíceis, quanto mais diversificados estivermos, mais bem preparados estaremos para reagir".
Curiosamente estes grandes pneumáticos para uso na agricultura foram um regresso ao passado da Continental pois foi o primeiro a produzir pneus agrícolas na Europa. No programa atual de pneus da Continental distinguem-se ainda os pneus gigantes, com diâmetro de vários metros, desenvolvidos para aplicações nas minas e construção. Esta área, em cinco anos, pode vir a representar 15 a 20% do volume atual de negócios, e assim a Continental Mabor fica com várias áreas de negócios e torna-se cada vez mais estratégica para o grupo.
Conclusão do projeto OTR depende de uma estrada
No entanto, como Pedro Carreira disse ao Jornal de Negócios em setembro passado, a conclusão do projeto OTR não avança sem o juízo final sobre uma estrada orçada em pouco mais de 20 milhões de euros e que está há cerca de 21 anos para ser feita. Manifestava a sua frustração por ver o país desperdiçar investimentos por causa de questões menores, como a construção de uma estrada. "É uma pena que Portugal continue a esforçar-se tanto para atrair novos negócios, mas para garantir que os mesmos se concretizem e cá continuem, perdemos 20 anos em desculpas", lamentou nessa entrevista.
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