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Palbit: a precisão no mundo das ferramentas

Criada em 1916, a empresa ganhou uma nova vida em 2001, quando estava tecnicamente falida. Hoje é uma empresa de referência no campo das novas tecnologias e indústrias de alta precisão.

07 de Outubro de 2025 às 14:30
A precisão, a tecnologia e o conhecimento técnico definem a essência da Palbit, sublinha Jorge Ferreira, CEO da empresa.
A precisão, a tecnologia e o conhecimento técnico definem a essência da Palbit, sublinha Jorge Ferreira, CEO da empresa. DR
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A precisão, a tecnologia e o conhecimento técnico definem a essência da Palbit, sublinha Jorge Ferreira, CEO da empresa.

Em 2001, quando Jorge Ferreira adquiriu a Palbit, esta estava tecnicamente falida. Esta mudança resultou numa nova visão e estratégia que potenciou o crescimento que se seguiu. A empresa diversificou o seu portefólio, desenvolvendo três áreas estratégicas: ferramentas de corte (atualmente o core business), soluções de anti-desgaste e ferramentas para pedreiras.

Esta evolução permitiu à Palbit posicionar-se como parceira estratégica em setores exigentes como a indústria automóvel, aeroespacial, ferroviária, construção naval, metalomecânica e produção de moldes. Segundo Jorge Ferreira, “na base do nosso processo de fabrico está a prensagem e sinterização de metal duro (cujos componentes principais são o tungsténio, cobalto e tântalo), passando pela retificação e revestimentos técnicos (PVD - Deposição Física de Vapor e CVD - Deposição Química de Vapor)”.

Trabalhamos com tolerâncias entre 10 a 20 microns no dimensionamento da própria ferramenta, com precisões muito mais elevadas do que um Rolex. Jorge Ferreira, CEO da Palbit

O segredo do sucesso da Palbit assenta na capacidade de trabalhar com tolerâncias extremamente reduzidas. “Trabalhamos com tolerâncias entre 10 a 20 microns no dimensionamento da própria ferramenta, com precisões muito mais elevadas do que um Rolex”, explicou Jorge Ferreira numa entrevista ao Portugal Amanhã. Esta precisão é fundamental para ferramentas que operam a velocidades até 50 mil rotações por minuto, onde qualquer imperfeição provocaria vibrações e rotura.

Indústria capital intensiva

Para atingir estes padrões, a empresa investe em equipamentos de última geração, alguns com valores superiores a um milhão de euros. “A nossa indústria é capital intensiva. Temos que ter condições topo de gama em termos das máquinas que utilizamos, das instalações e do controlo de temperatura, porque até a própria temperatura faz variar a capacidade de medição”, sublinha o CEO da Palbit.

Para Jorge Ferreira, “os fatores críticos de sucesso são a inovação e o desenvolvimento constantes de ferramentas com melhor desempenho, o serviço e apoio técnico aos nossos clientes e a capacidade de desenvolver ferramentas especiais extremamente difíceis de fazer e de encontrar na nossa concorrência”. A empresa beneficia da proximidade às universidades do Porto, Aveiro e Coimbra e posiciona-se como uma das empresas “de referência nas engenharias em Portugal. Formamos equipas com forte componente técnica e no desenvolvimento contínuo das melhores soluções ferramentais”.

Esta capacidade de inovação permite à empresa diferenciar-se num mercado dominado por multinacionais de grande dimensão, sobretudo alemãs e suecas.

A sustentabilidade ambiental obrigará necessariamente ao nearshoring e à produção local. Sendo europeus, estaremos seguramente bem posicionados dentro desta nova lógica para o futuro. Jorge Ferreira, CEO da Palbit

“Os nossos distribuidores centram-se em clientes de média dimensão e dificilmente conseguem atender os clientes multinacionais. Neste segmento de mercado atendemo-los diretamente, pois é necessário um nível de know-how somente acessível a fabricantes, mas não existe colisão de mercado com os nossos distribuidores”, sublinha Jorge Ferreira.

Em busca dos 100 milhões

A Europa representa 50% do volume de negócios da Palbit, com a Alemanha como principal mercado, seguida pela França, onde a empresa se destaca na indústria aeronáutica e na maquinação de materiais complexos como o titânio. Os restantes 50% distribuem-se pelos outros continentes. Jorge Ferreira assinala que “a sustentabilidade ambiental obrigará necessariamente ao nearshoring e à produção local. Sendo europeus, estaremos seguramente bem posicionados dentro desta nova lógica para o futuro”.

Os desafios geopolíticos de 2024 e 2025 atrasaram em dois anos a meta de atingir 100 milhões de euros de faturação até 2030, mas a empresa mantém-se confiante em atingi-la em 2032. “Somos perseverantes e vamos conseguir atingir o objetivo”, garante o CEO.

A Palbit tem investido fortemente na descarbonização, cobrindo toda a fábrica com painéis fotovoltaicos e implementando medidas de redução de consumos energéticos.

No processo produtivo, destaca-se a reciclagem total do metal duro. “Cerca de dois terços do metal duro produzido já tem origem na reciclagem, e essa tendência é de crescimento”, explica Jorge Ferreira.

A Palbit foi a vencedora, em 2024, na categoria de Sector Estratégico: Metalomecânica, dos Prémios Exportação & Internacionalização, organizados pelo Novo Banco e pelo Negócios, em parceria com a Iberinform.

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