“2024 foi um ano de crescimento sólido e de consolidação internacional”, resume Sérgio Silva, CEO do Vigent Group, numa análise que espelha a estratégia dual do grupo, que venceu, em 2024, a categoria de Internacionalização - Grandes Empresas, dos Prémios Exportação & Internacionalização, organizados pelo Novo Banco e pelo Negócios, em parceria com a Iberinform.
Sérgio silva refere que a Metalogalva é responsável por 62% do volume de negócios (580 milhões de euros) e a Brasmar contribui com 38% (353 milhões de euros). Na sua visão, são dois negócios distintos, mas com uma visão comum de expansão e sustentabilidade.
A Metalogalva dedica-se à engenharia e proteção do aço, desenvolvendo estruturas metálicas para os setores da energia, telecomunicações, iluminação pública, rodovias e ferrovias. Com forte aposta nas energias renováveis, nomeadamente soluções fotovoltaicas, a empresa opera 22 fábricas distribuídas por 12 países, exportando para mais de 100 mercados. Esta presença global permite-lhe acompanhar grandes projetos de infraestruturas em diferentes geografias e mitigar riscos de concentração.
Do lado dos produtos do mar, a Brasmar especializou-se na transformação e comercialização de bacalhau, cefalópodes, com destaque para o polvo, marisco e refrigerados premium, como o salmão fumado da La Balinesa e o polvo cozido da Foncasal. Com seis unidades industriais e oito sociedades comerciais, a empresa posiciona-se entre os mais relevantes players europeus do setor.
O novo mundo dos negócios
A internacionalização do grupo ganhou verdadeira expressão a partir de 2010, quando a difícil conjuntura económica em Portugal obrigou a uma aposta clara nos mercados externos. Desde então, seguiu-se um percurso consistente de crescimento internacional, com aquisições estratégicas no Reino Unido e na Polónia e consolidação no mercado norte-americano.
Na Brasmar, a estratégia combinou crescimento orgânico com aquisições em mercados-chave como Espanha, França, Reino Unido, Itália, Noruega, Brasil e Estados Unidos. Esta rede confere ao grupo proximidade aos clientes e grande flexibilidade no fornecimento de diferentes mercados.
Os últimos anos trouxeram desafios sem precedentes. A guerra na Ucrânia, a instabilidade no Médio Oriente e outros focos de tensão provocaram subidas significativas nos custos de energia e matérias-primas, além de disrupções logísticas frequentes. “Isso obrigou a uma maior antecipação de encomendas e à diversificação de fornecedores e mercados”, explica Sérgio Silva.
Mas há outro problema, mais estrutural, que é a assimetria regulatória europeia. “A política comercial da União Europeia aplica tarifas sobre matérias-primas, mas não assegura mecanismos de proteção equivalentes para produtos transformados importados”, denuncia o empresário. Esta situação “coloca as empresas industriais europeias em clara desvantagem competitiva face a concorrentes de mercados extracomunitários que não enfrentam os mesmos encargos. Este aspeto penaliza a competitividade da Metalogalva e da generalidade das empresas da indústria metalomecânica europeia”, considera Sérgio Silva.
Mais EUA e Europa
Numa altura em que muitos grupos familiares enfrentam dilemas de sucessão, o Vigent Group apresenta um modelo distinto. “As empresas operacionais são geridas 100% por profissionais, não havendo membros da família na gestão operacional”, esclarece Sérgio Silva. A estrutura e a estratégia do grupo foram preparadas para não depender de planos de sucessão na família, que é a acionista do grupo.
Para 2025 e a médio prazo, as perspetivas apontam para a continuidade da expansão internacional, com foco nos Estados Unidos e na Europa, melhoria da eficiência produtiva e reforço da sustentabilidade em setores estratégicos como as energias renováveis e os produtos do mar.
Os principais desafios passam por continuar a expandir internacionalmente, aumentar a rentabilidade dos capitais, otimizar processos e continuar a gerir a instabilidade internacional e a pressão inflacionista. Numa economia global cada vez mais imprevisível, o Vigent Group aposta na diversificação geográfica e de negócios como escudo e alavanca para o crescimento futuro.
Indicadores
Volume de negócios (2024) e previsão (2025): 936 milhões de euros (Metalogalva 580 milhões de euros e Brasmar 353 milhões de euros). Em 2025, a Metalogalva deverá manter-se estável e a Brasmar deverá crescer cerca de 10%
EBITDA agregado 2024: 99,3 milhões de euro
N.º de colaboradores (2024): 2632