Unbehagen e Durão Barroso
O sentimento de alienação é visível nos blogues políticos. Este Unbehagen não se repete com António Guterres, que abandonou literalmente o governo numa noite de autárquicas. Guterres não tinha qualquer convite, nada justificava a fuga, para além da "teoria do pântano" que o próprio celebrizou. Muitos esquecem o apoio público que o então Presidente da República Jorge Sampaio deu à opção de Durão Barroso, em nome do interesse nacional. Será que tinha razão?
No último mês, um português esteve presente em todas as cimeiras europeias e mundiais que têm lidado com a resposta global a uma das crises mais graves das últimas décadas. A 5 de Outubro, era um dos protagonistas da cimeira restrita dos quatro membros europeus do G8. No dia 12, encontrava-se na Cimeira do Eurogrupo. Participou no último Conselho Europeu de 19 e 20 do mesmo mês. Fora da Europa, foi com Sarkozy a Camp David onde reuniu com George Bush para discutir a crise e pedir a convocação de uma cimeira mundial que reforme a ordem económica global, o chamado processo "Bretton Woods II". No final da semana passada voou para Pequim e convenceu os chineses a terem uma atitude mais activa na ordem internacional. Para terminar, estará a 15 de Novembro na primeira cimeira "Bretton Woods II".
PUB
Estou a falar de um conjunto de iniciativas que pode ficar para a história do mesmo modo que as cimeiras que definiram a ordem mundial depois da II Guerra Mundial: Bretton Woods, São Francisco, Yalta, Plano Marshall, Messina e Roma.
Este político – em que 27 países confiam para falar em nome da União Europeia – chama-se José Manuel Durão Barroso. Parece-me – a mim, que também o critiquei em diversas ocasiões e partilhei a sensação de Unbehagen – que já existe distância suficiente para manter qualquer tipo de complexo freudiano. Chegou a altura de escrever que Durão Barroso tem beneficiado claramente a imagem e os interesses de Portugal.
Mais Artigos do autor
Mais lidas
O Negócios recomenda