António Moita 03 de Setembro de 2017 às 17:30

A CGTP não Chora

Para quem nos vê do exterior, e em especial para os mercados, conter o ímpeto dos sindicatos é talvez a única vantagem de um governo de esquerda.

António Chora, antigo líder sindical na Autoeuropa, pôs o dedo na ferida aberta com a greve da passada semana. O que está em causa é a afirmação da CGTP e do Partido Comunista enquanto força mobilizadora dos trabalhadores e a sua utilização, para não dizer manipulação, contra quem eles quiserem. Até contra o Governo se for preciso.

 

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Desta vez, António Costa não controlou todas as "pernas" da geringonça. O sinal que o Partido Comunista quis dar, através do seu braço armado CGTP, foi forte e bem dirigido ao coração da nossa economia. Quem tem um programa de governo cujo sucesso assenta na redução do desemprego e no crescimento das exportações não pode permitir que conflitos laborais em empresas estratégicas fiquem fora de controlo.

 

A reputação externa do Governo português depende da não demonstração pública de métodos arrivistas e de discursos inflamados próprios de regimes revolucionários. Além da absoluta necessidade de captação contínua de investimento, Portugal precisa de evidenciar a existência de um clima social de grande estabilidade e a convergência das forças empresariais e sindicais no esforço de dinamização da economia. Para quem nos vê do exterior, e em especial para os mercados, conter o ímpeto dos sindicatos é talvez a única vantagem de um governo de esquerda.

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O Partido Comunista quis demonstrar toda a sua virilidade neste período eleitoral e de preparação do Orçamento do Estado, avisando António Costa que a CGTP aí está para servir os seus interesses estratégicos que são, como sempre foram, mais importantes do que os interesses nacionais.

 

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António Costa tem habilmente conseguido conciliar a afirmação externa da aceitação de princípios liberais muito em voga em Bruxelas com a criação interna de expetativas de transição para o socialismo diariamente exigidas por comunistas e bloquistas. Este jogo perigoso irá durar até ao dia em que as forças de esquerda perceberem que estão a ser enganadas. Já terá faltado mais.

 

Jurista

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Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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