À descoberta do centro político
O centro político não é um ponto fixo. É antes um espaço dinâmico, situado entre a esquerda e a direita, onde se procura equilíbrio entre progresso e tradição, entre justiça social e responsabilidade fiscal, entre liberdade individual e interesse geral.
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Ao longo dos últimos anos tenho defendido a necessidade de um entendimento entre os dois maiores partidos portugueses em matérias fundamentais. Num tempo marcado por polarizações acentuadas e discursos extremados, a realidade tem vindo a desmentir essa possibilidade. Desde a troika que tudo mudou. Os socialistas que causaram e pediram a intervenção externa, rapidamente se quiseram separar das suas inevitáveis consequências e criaram uma barreira intransponível com o PSD de Pedro Passos Coelho. Depois veio a “geringonça” que acentuou a separação entre dois polos moderados, criando definitivamente a ideia de que no espectro político português apenas existia direita e esquerda. Por fim, o habilidoso António Costa percebeu que a melhor forma de derrotar os sociais-democratas passava pela valorização do Chega dando-lhe palco e tempo de antena desproporcionado, mesmo quando em outubro de 2019 conseguiu eleger um deputado, o próprio André Ventura, tendo na altura obtido pouco mais de 1% com cerca de 67 mil votos. Daí para cá foram-se perdendo todos os pontos de contacto. Parece que agora, de repente, tudo terá mudado. A nova configuração do parlamento assim o obriga.
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