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O país que adora aumentar a despesa pública 

A melhoria das contas públicas criou uma tensão política gastadora. Com a pressão fiscal em nível recorde parece haver a tentação de voltar a meter mais dinheiro nos problemas, como se isso os resolvesse.

O crescimento económico e a redução dos juros permitiram finalmente estabilizar as finanças públicas e conseguir um registo inédito, com projecção de défice abaixo de 1%. E eis que na aparente bonança rebentou uma onda política a exigir mais despesa. Uma pressão que é natural à esquerda, mas que desta vez também é partilhada pelo maior partido da oposição à direita, com Rui Rio a pedir um aumento para a Função Pública.

Centeno, que já devolveu os rendimentos retirados nos anos da troika aos funcionários públicos e já gastou algumas centenas de milhões de euros no descongelamento de carreiras, recua na intenção inicial de não dar aumentos aos funcionários públicos nos próximos anos e abriu as portas para a negociação com os sindicatos da Função Pública no âmbito do Orçamento do Estado.

O último ano em que os funcionários públicos tiveram um aumento real de salário foi em 2009, quando Sócrates elaborou um orçamento despesista destinado precisamente a ganhar as eleições. Como se sabe, ganhou, sem maioria absoluta, e todos sabemos o trajecto das finanças públicas até ao resgate de 2011.

Depois desse choque, todos pagámos duramente esse ajustamento com mais impostos, e os funcionários públicos e reformados com menos rendimento. "Não há dinheiro" tornou-se uma expressão repetida durante a liderança de Vítor Gaspar no Ministério das Finanças. 

Mas a retoma chegou e o actual Governo beneficiou de uma conjuntura muito favorável que lhe permitiu distribuir rendimento e reduzir o défice. E se não fosse o esforço de capitalização da banca, as finanças públicas já apresentariam sinais de um equilíbrio, à conta da conjuntura favorável, mas também graças a uma pressão fiscal histórica. Os contribuintes até podem sentir algum alívio no IRS, mas nos impostos indirectos o registo é próximo do confisco.

Um Estado que nem nos anos da troika foi alvo de uma reforma a sério continua uma máquina gastadora, a sugar as famílias e a economia. Como não foi reformado, os problemas estruturais do Estado agravaram-se. Assistimos a episódios lamentáveis e terceiro-mundistas das urgências hospitalares, alguns imperdoáveis como o escândalo da pediatria do Hospital de S. João. Não é com mais despesa pública às cegas que se resolvem estes problemas, é com melhor gestão e porventura mais dinheiro para alguns hospitais e corte em outras despesas. O tempo destas vacas gordas não dura sempre. E e se este país endividado e envelhecido não cuida do futuro, voltaremos a ser vítimas de uma terrível tempestade.

Saldo positivo: acordos políticos

 

Após alguns anos de conversa acabada entre os dois mais importantes partidos políticos, PS e PSD voltam a entender-se sobre questões fundamentais. Rio e Costa acertaram condições para a descentralização e para os fundos comunitários. As grandes reformas deste regime democrático foram feitas em consenso entre os dois principais partidos, e Portugal precisa de uma linha de continuidade política em questões centrais para garantir previsibilidade na gestão do país.

 

Saldo negativo: Carlos César

 

O presidente do PS e líder da bancada parlamentar do partido do Governo e por isso um dos políticos mais poderosos do país é um dos parlamentares eleitos nos círculos das regiões autónomas que beneficia da estranha duplicação de benefícios nas viagens para as ilhas. Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, tentou branquear o assunto ao considerar que não há qualquer atropelo legal ou ético. Mas, obviamente, trata-se de uma questão ética e política importante. Não basta ser César.

Algo completamente diferente: a incógnita da mudança no regime cubano 

Quase 60 anos depois da revolução cubana, há um apelido diferente na liderança do país. Miguel Díaz-Canel foi o escolhido para suceder a Raul Castro. Porém, o irmão de Fidel continuará a liderar o partido comunista. Depois da relativa abertura de Raúl Castro, a liderança de Díaz-Canel é ainda uma incógnita, apesar de não se esperarem mudanças bruscas. Mais tarde ou mais cedo, a normalização de relações entre Cuba e o seu gigantesco vizinho e inimigo dos últimos 60 anos será inevitável, até porque em Miami, capital dos anticastristas, também se assiste a uma mudança geracional. 

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