São os salários médios baixos, meu caro Watson
A onda de contestação laboral em Portugal não tem só a ver com o calendário eleitoral (uma oportunidade) ou com os novos sindicatos inorgânicos (uma consequência). O descontentamento tem uma raiz estrutural: a estagnação dos salários médios na economia portuguesa.
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"Este ano é de eleições em Outubro", lembrou o advogado Pedro Pardal Henriques este mês aos motoristas que transportam matérias perigosas. "Se não conseguirmos fazer nada este ano, [no próximo ano] eu acho um bocado difícil", doutrinou. A afirmação nada tem de escandaloso. É exactamente o que pensam todos os sindicatos que têm bombardeado este ano os empregadores com uma quantidade de pré-avisos de greve que rivaliza com a da era da troika. A turbulência laboral não tem, no entanto, só a ver com eleições (uma oportunidade) ou com o surgimento de novos sindicatos (uma consequência). Há outro factor, relativamente menos discutido, importante para perceber tanto descontentamento em plena recuperação económica: a estagnação salarial.
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