Sergey Lavrov, o ministro das Relações Exteriores da Federação Russa, foi muito claro na sua ameaça: “Utilizaremos todos os meios ao nosso alcance para combater a decisão desse tribunal.” O caso não era para menos. Nesse já distante ano de 2014, um tribunal arbitral ad hoc, constituído à sombra do Tratado da Carta da Energia (TCE), acabara de condenar a Federação Russa a pagar aos ex-acionistas da maior empresa petrolífera privada russa, a Yukos, a soma astronómica de 50 mil milhões de dólares, o equivalente a um quarto das reservas em divisas então existentes nos cofres do Tesouro nacional. Nunca um Estado havia sido condenado a pagar a um investidor sequer a vigésima parte desse montante.