Edson Athayde 06 de Fevereiro de 2018 às 20:32

As mulheres ao poder 

Não vou contar o fim para não estragar o prazer de quem for ver a película (acto que deveria ser obrigatório para os jornalistas e que é muito recomendável para quem trabalha com escrita em geral).

Meryl Streep não é uma atriz, é uma matriosca. Quantas pessoas viverão dentro do seu corpo?

 

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Meryl exagera no direito de ser brilhante. As suas performances equiparam-se a desportistas de alta competição.

 

Meryl é Phelps, é Shaquille, é Ronda, é Tiger, é Senna, é Cristiano, é as irmãs Williams juntas ao mesmo tempo agora.

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Começo por Meryl, mas quero falar sobre o filme "The Post" como um todo.

 

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Há muito que Hollywood não produzia um filme tão pertinente, tão necessário quanto este.

 

Pertinente por falar dos grandes temas da agenda do dia: a eterna luta entre o bom e o mau jornalismo (ou, ao menos, entre o jornalismo combativo e o irrelevante; o empoderamento feminino; o poder político a desafiar as regras da democracia na tentativa de criar uma realidade alternativa.

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Necessário pois inteligente: ajuda a trazer alguma luz e ponderação onde dominam as polémicas e o obscurantismo.

 

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Além do mais, "The Post" é uma aula de "storytelling".

 

Para quem não conhece a história (que é baseada em acontecimentos verídicos), a longa mostra-nos uma "jornada de heroína" exemplar.

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No começo dos anos 60, com o suicídio do marido, Katharine Graham herdou um jornal que já era seu por direito. Anos antes, o pai de Kat preferiu entregar o poder do "The Post" ao genro do que a uma mulher, no caso, a própria filha.

 

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Tratada com desdém por todos os homens à volta, ela hesita em tomar posições de confronto quando chamada à luta.

 

Tem um mentor que a acompanha e tenta prepará-la para o combate, mas sabendo que só ela mesma pode sair daquele torpor e revelar-se uma guerreira.

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Quem conhece o esquema da "Hero's Jorney" descrito por Joseph Campbell (base teórica para o guião de "Star Wars", por exemplo) reconhecerá no filme um arco narrativo perfeito.

 

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Não vou contar o fim para não estragar o prazer de quem for ver a película (acto que deveria ser obrigatório para os jornalistas e que é muito recomendável para quem trabalha com escrita em geral).

 

Mas fica a dica: durante quase a totalidade do tempo Meryl diz uma série de coisas, mas a pensar justo o contrário. E é nesse subtexto permanente que vemos todo o seu talento. Que mulher!

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Ou como diria o meu Tio Olavo, citando Simone de Beauvoir: "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher."

 

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Publicitário e Storyteller

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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