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Luís Miguel Henrique - Advogado
10:15

Movidos a “soundbytes”

O jornalismo contemporâneo tende a fazer perguntas formatadas para resposta imediata, polarizadora ou viral, em vez de explorar argumentos com sequência lógica.

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Na madrugada de ontem, no meu zapping na busca do sono que custava a chegar, cruzei-me com o célebre debate entre Soares e Cunhal em novembro de 1975. Um momento que ficou célebre não apenas pelas personagens ou contexto político de então, mas pela duração, pela densidade e pelo papel de molde que teve na opinião pública do pós-25 de Abril. Bem sei que nos anos 70 um debate podia estender-se por horas, com espaço para exposições longas, réplicas e confrontos substantivos, mas ali o palco era dos convidados. A moderação de Joaquim Letria e José Megre, funcionou como estrutura e não como um “show”. Hoje, porém, o formato dos debates e entrevistas na TV foi de tal forma comprimido e espartilhado por ritmos editoriais que privilegiam segmentos curtos, tempos cronometrados e o fragmento como unidade política, que torna difícil aprofundar, explicar e clarificar o cidadão comum, pelo que reinará aquele que melhor consegue distribuir “soundbytes”, frases pensadas para os “cortes” das redes sociais, títulos das manchetes dos jornais e rodapés das TV.

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