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Manuel Falcão - Jornalista
03 de Maio de 2013 às 10:05

A esquina do Rio

O nível de desemprego na Europa e na União Europeia é preocupante. Noutras regiões do globo não é especialmente melhor.

Trabalho

O nível de desemprego na Europa e na União Europeia é preocupante. Noutras regiões do globo não é especialmente melhor. E a má notícia é que o Mundo se encontra num, ponto de viragem em que a criação de novas indústrias não quer necessariamente dizer a criação de um número significativo de novos postos de trabalho. Nos Estados Unidos e em vários países da Europa estão a regressar indústrias que tinham sido deslocalizadas para outras regiões - e esse regresso ocorre quer por razões de logística, de eficiência ou de qualidade. Mas as novas fábricas têm mais robots e menos pessoas, e o regresso da indústria não quer dizer um retomar do emprego. Ao virar da esquina está a revolução das impressoras 3D, que num futuro não demasiado distante poderão fabricar pequenas peças ou máquinas inteiras praticamente sem intervenção humana. Estamos numa encruzilhada - e saber qual o rumo a seguir para fazer crescer o emprego e dinamizar a economia não vai funcionar com as receitas das últimas décadas. E é sobre isto que temos que pensar e encontrar o nosso caminho, a partir dos nossos recursos e do nosso talento.

Folhear

Um dos temas recorrentes da revista "Monocle" é o interesse por pequenos projectos de produçao artesanal, seja de roupa, mobiliário, acessórios ou ... apitos metálicos e óculos de tartaruga. A edição de Maio da revista vem cheia de exemplos destes, feitos em Inglaterra, França, Dinamarca ou Espanha. Alguns destes projectos internacionalizam-se e ganham mercados inesperados - muitos sao quase "case studies". E tanto podem ser uma produtora de filmes na Dinamarca que trabalha com uma equipa de dez pessoas até à oficina que faz móveis inesperados ou sapatos por medida. Todos têm em comum o facto de fazerem a aliança entre design contemporâneo e métodos de produçao artesanais, mas sem esquecer as facilidades dadas pela técnica. Em comum têm também a presença humana - na criatividade, na atenção ao pormenor. São pequenas empresas que desenvolvem novos projectos nas mais diversas áreas, das mais tecnológicas às mais simples e tradicionais. Dão emprego, contribuem para a economia, utilizam mão de obra local. Esta edição está cheia de exemplos destes. O tema forte de capa desta "Monocle" de Maio é a guerra de audiências nos programas matinais de rádio e televisão, mostrando a partir da concorrência desenfreada que se passa nos nossos antípodas, na Austrália. Pode parecer um tema esotérico, mas a verdade é que o espaço da manhã, nas estações de televisão e da rádio está a ser no novo prime time, um dos poucos momentos em que as pessoas estão menos ligadas à internet e ao Facebook, esse grande concorrente na partilha dos sofás ao fim do dia. Outros registos dignos de nota dizem respeito ao novo protagonismo de Londres no campo da fotografia - desde uma nova Feira a várias galerias. A revista tem um roteiro da cidade com todos os novos locais a não perder para quem gosta de fotografia.

Ouvir

"Mosquito", o quarto álbum dos norte-americanos Yeah Yeah Yeahs, podia estar nesta coluna na secção "Back To Basics". O seu álbum de 2009, "It's Blitz!" acabou por não corresponder às expectativas comerciais que a banda tinha colocado e este "Mosquito" fecha o círculo, regressando ao início da história, há uma década. "Area 52", um dos melhores temas do disco, é bem exemplo disso e vive de evocações do próprio passado, mas também dos Stooges ou Cramps, por exemplo - e a faixa título, "Mosquito", evoca a tradição musical de Nova York, a cidade onde a banda agora regressou. Há hinos, como "Sacrilege", há um piscar de olhos a outras músicas como em "Buried Alive", que conta com a colaboração do rapper Kool Keith/Dr. Octagon e há um retrato de Nova York em "Subway". Karen O, Nick Zinner and Brian Chase estão de volta à sua cidade, onde aliás este álbum foi gravado numa cave desocupada - e fizeram um disco que bem pode ser um ajuste de contas com o passado e uma preparação para o pensam fazer no futuro. Eu confesso que gosto disto e tenho ouvido "Mosquito" um bom par de vezes nos últimos dias - é despretensioso, bem produzido e com uma sonoridade desafiante que nos faz pensar que mesmo depois das crises há esperança.

Ver

Esta semana sugiro 3 ideias de fotografia, bem diferentes. Na Fundação EDP, Museu da Electricidade, está a exposição anual do World Press Photo, uma das mostras de fotografia que mais público atrai e que apresenta os melhores trabalhos de fotojornalismo escolhidos por um júri internacional - teoricamente mostra o melhor da foto reportagem de todo o mundo. Noutro registo sugiro uma ida à recentemente inaugurada "Pequena Galeria", que fica na Avenida 24 de Julho nº 4C, perto da Praça D. Luís - que apresenta uma exposição designada "O Grupo de Évora" e que agrupa trabalhos de António Carrapato, João Cutileiro, Pedro Lobo e José M. Rodrigues. E, finalmente, para algo completamente diferente, na Galeria João Esteves de Oliveira (Rua Ivens nº 38 ) durante meia dúzia de dias - de 7 a 11 de Maio - pode ver uma recolha de fotografias de trabalhos de Rui Chafes, o artista convidado este ano para o projecto dedicado ao Espaço Público e à Arte Pública do Chiado e da Baixa.

Gosto

Da iniciativa de aulas interactivas de matemática para crianças, da Khan Academy, lançado pela Fundação PT no seu site, numa versão em português.

Não gosto

Os prejuízos com swap são equivalentes a 10% da dívida das empresas públicas.

Arco da velha

Os grandes bancos que venderam "swaps" às empresas públicas são quase todos assessores financeiros do Estado.

Semanada

O actual nível de emprego é o mais baixo desde 1997; os países periféricos pesam 44% no total dos desempregados da Europa; na Zona Euro há 19 milhões de pessoas sem trabalho; a circulação dos jornais diários generalistas em Portugal caíu 10%; a Comissão Nacional de Proteção de Dados considera que a Autoridade Tributária está a recolher informações que extravasam os dados relevantes para efeitos fiscais; Mário Soares acusou Cavaco de fazer um discurso inconstitucional; Vitor Gaspar apelou ao consenso e criticou a "política de mentira"; a dívida das empresas públicas duplicou entre 2007 e 2012; O primeiro-ministro anunciou que há grande coesão no Governo; Pedro Passos Coelho afirmou que quase 78% do que o Estado gasta são salários, transferências sociais e juros da dívida pública; Portugal registou em 2010 e 2011 o maior aumento da carga fiscal na União Europeia; o "Correio da Manhã" reportou que Sócrates fez o seu exame final de inglês técnico num restaurante do Bairro Alto, numa conversa ao almoço com o respectivo professor; um ex-deputado do PS processou a Assembleia da República para tentar receber uma subvenção vitalícia; o sistema de vigilância da cadeia de Faro está desligado há quatro anos por falta de manutenção.

Provar

Olivier Costa, o "chef" que se especializou em criar espaços de entretenimento onde se come bem, abriu agora o "Honra", integralmente dedicado à tradição culinária portuguesa. Fica no novo Hotel Figueira - numa Praça da Figueira desleixada pela Câmara - esta semana quando lá fui o centro da praça estava um caos de sujidade e desleixo, cercado por grades municipais que envolviam cadeiras plásticas meio tombadas. Não imagino o que ali tenha acontecido, mas não é bonito de ser ver numa praça que quer agora captar turistas. Mas Olivier não tem culpa da preguiça dos vereadores camarários em exercício na área do espaço urbano e merece elogios por mostrar aos muitos estrangeiros que o visitam o que são ovos verdes, peixinhos da horta, lulas recheadas ou um simples bitoque - já para não falar dos travesseiros e pastéis de nata à hora do chá. Como sempre nos restaurantes de Olivier a cozinha é honesta - se bem que aqui algumas frituras mereçam mais cuidado - nomeadamente a dos pastéis de nata. Mas o bitoque estava em muito boa forma com batatas fritas como deve ser e o polvo panado com arroz de feijão cumpria. Há cocktails de ginjinha e vinhos a copo das melhores precedências e a preço decente. Praça da Figueira 16, telefone 210 194 154. Reserve, que a casa anda cheia e é bom ir à baixa jantar ou almoçar.

 

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