O trio que falta para o "Bull Market" português
Comente aqui o artigo de Ulisses Pereira
No artigo da semana passada, neste mesmo espaço de opinião, deixei a minha opinião sobre as condições técnicas que poderiam levar o PSI a deixar o Inferno e a entrar no Purgatório. Como pessimista e urso há muito tempo, quis com esse artigo passar a ideia de que não acredito que o "Bear Market" dure para sempre e que estou desejoso para que o dia da inversão chegue para bem da maioria dos investidores e da minha sanidade mental, pois escrever análises sempre pessimistas desgasta e não traz felicidade.
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O artigo motivou diversas reacções por parte dos leitores. Referi que os motores das subidas de um ciclo económico não são os do ciclo seguinte mas um dos leitores recordou que, infelizmente, os motores das subidas do actual "Bull Market" nos mercados internacionais são empresas de áreas não representadas na Bolsa portuguesa. Concordo plenamente e essa também é uma das razões para o comportamento díspar do nosso mercado em relação aos seus congéneres internacionais. Atrair novas empresas para a Bolsa portuguesa tem que continuar a ser uma preocupação das autoridades portuguesas, como tantas vezes venho referindo, mas isso é algo que não se tem concretizado.
Outros leitores manifestaram a sua incredulidade pelo facto do PSI ainda não ter arrancado quando a nossa economia cresceu, recentemente, a um ritmo maior do que dos seus parceiros europeus, o desemprego tem conseguido descer um pouco e o nível de confiança dos consumidores atingiu o nível mais elevado dos últimos tempos. Há algo que não conseguimos ainda fazer: Conquistar a confiança dos investidores internacionais. Isso é decisivo não apenas para a economia portuguesa mas, sobretudo, para a nossa Bolsa. Sem o impulso forte do capital estrangeiro, o nosso mercado accionista não arranca.
Mas, como sempre tenho frisado, serão sempre os gráficos a mudarem a minha opinião. E se analisarmos as 17 acções do PSI20 (continuam sem coragem para mudar o seu nome), podemos constatar que 8 delas vivem um "Bull Market" e 9 continuam em "Bear Market". Este equilíbrio é animador para os touros porque, numa tendência descendente profunda, o rácio deveria ser claramente favorável aos ursos.
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Há 3 acções chave para o arranque do "Bull Market" da Bolsa portuguesa: EDP, BCP e Sonae SGPS. A EDP tem estado a tentar quebrar consistentemente (ainda sem sucesso) a linha de tendência descendente que vem marcando o ritmo das descidas. Se além desse sinal de força, também quebrar a resistência na zona dos 3,10/3,15 euros, terminará por completo com o domínio dos ursos. O BCP tem uma missão mais difícil, precisando primeiro de romper a resistência entre os 0,18 e os 0,19 euros e depois a fronteira entre os 0,23 e os 0,235 euros. Por último, a Sonae SGPS que costuma ser o grande barómetro do PSI. A acção já sobe há 7 meses, mostrando alguma força e fazendo-me despir o fato de urso mas, para dar a confirmação da inversão da tendência, precisa de quebrar a zona de resistência entre os 0,9 e os 0,95 euros.
Para o PSI poder quebrar a resistência dos 4800/4850 pontos e soltar-se do domínio dos ursos, precisa que EDP, BCP e Sonae ajudem neste passo decisivo. Enquanto estas acções tentam mudar de vida, outras há que continuam a fazer a delícia dos investidores. Essas continuam longe dos debates e das atenções dos pequenos investidores, dada a sua atracção inexplicável pelo abismo. E é mesmo preciso um "Bull Market" para salvar aqueles que ficaram agarrados às acções que não pararam de cair.
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Nem Ulisses Pereira, nem os seus clientes, nem a DIF Brokers detêm posição sobre os activos analisados. Deve ser consultado o disclaimer integral aqui
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Analista Dif Brokers
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