A entrada na universidade e as carreiras do futuro
Que mundo será este para que estes alunos vão agora preparar-se e o que podem esperar em 2028 quando se graduarem e muitos ingressarem no mercado de trabalho?
Hoje são divulgados os resultados da 1.ª fase de admissões à Católica-Lisbon para as licenciaturas em Gestão de Empresas e em Economia. Apesar do inverno demográfico que começa a trazer cada vez menos alunos nacionais ao ensino superior, a Católica-Lisbon recebeu um número recorde de candidaturas, ultrapassando pela primeira vez 1.000 candidatos. Isto só é possível pela crescente internacionalização da Escola que recebeu candidaturas de 54 nacionalidades. A Escola admitiu 304 alunos nesta 1.ª fase com uma nota média de candidatura de 17,1 valores. Numa estratégia de atração do melhor talento mundial, mais de 10% dos alunos vão receber bolsa integral pela sua excelência académica.
Uma das decisões que se coloca a cada vez mais jovens portugueses é se devem ingressar na Universidade em Portugal ou no Estrangeiro. Na licenciatura internacional da Católica-Lisbon os alunos estudam em inglês desde o primeiro ano com professores internacionais, em turmas com colegas cada vez mais internacionais, num programa que promove o intercâmbio com mais de 100 universidades parceiras para a obtenção de experiência Erasmus por todos. Os alunos portugueses têm, assim, o melhor dos dois mundos, beneficiando deste contexto internacional enquanto estudam perto de casa, num ambiente colaborativo, fazendo amizades para a vida que fortalecerão a sua pessoa e a sua carreira futura.
Falando de carreira, que mundo será este para que estes alunos vão agora preparar-se e o que podem esperar em 2028 quando se graduarem e muitos ingressarem no mercado de trabalho?
Em termos geopolíticos, e se não houver grandes surpresas nem catástrofes, estaremos na fase final tanto da administração Trump, como do mandato da Comissão Europeia e do Governo português.
O mundo será certamente um local mais perigoso e mais autocrático. Um relatório recente revela que pela primeira vez o número de regimes considerados autocráticos (91) ultrapassou o número de regimes considerados democráticos (88). Autocracias geram com maior probabilidade crises económicas, militares e políticas dos que as democracias e, portanto, o mundo de 2028 será um mundo de maiores barreiras, maior desconfiança e mais conflituoso. Os graduados de 2028 terão de ter maior resiliência emocional, maior tolerância ao risco e a capacidade de trabalhar em contextos de elevada incerteza. Os Estados Unidos neste período vão ver provavelmente um período de crescimento exuberante dos seus mercados e ativos, devido à especulação e desregulação, seguido de um crash devido a políticas pouco sustentáveis.
A União Europeia terá idealmente atravessado três anos de reinvenção, conseguindo aumentar a colaboração entre os seus membros, em prol do bem comum europeu, aumentar a sua soberania militar e digital, e criar um espaço de crescimento económico com abertura ao mundo. Ao fazê-lo, o bloco europeu estará a liderar uma coligação de democracias que acreditam e praticam a liberdade, justiça e inclusão, atraindo o melhor talento de todo o mundo. Se não o fizer, terá fracassado na sua missão, perdendo relevância e criando um contexto muito desafiante para a prosperidade dos seus Estados-membros e cidadãos.
Portugal, se jogar bem as suas cartas neste novo contexto geopolítico, será um país a crescer em população e economia, um centro de desenvolvimento de serviços de elevado valor acrescentado e um “hub” de atração do melhor talento mundial. Com este posicionamento, conseguirá manter vibrante o seu mercado de trabalho, em particular o segmento dos jovens profissionais, que vai defrontar nos próximos anos os desafios e oportunidades da revolução da inteligência artificial. E essa será a maior transformação do mercado de trabalho desde a revolução industrial. A revolução industrial, ao ligar a produção centralizada de energia aos processos produtivos, permitiu automatizar a força de trabalho manual, desencadeando um crescimento económico 20 vezes mais rápido que no passado. De um crescimento de 8% por século no período até 1700, passámos para um crescimento de 350% por século entre 1700 e 2000.
A inteligência artificial, aliada à capacidade maciça de processamento alimentada por energia renovável, permitirá a automação do trabalho intelectual e trará uma revolução igualmente importante. E desta vez não serão os trabalhadores agrícolas ou industriais os mais afetados, mas os profissionais liberais e técnicos. Um relatório recente do Fórum Económico Mundial revelou que metade das empresas nos EUA planeiam reduzir o nível de emprego devido à automação proporcionada por Inteligência Artificial. A IA gradualmente está a automatizar tarefas de crescente complexidade intelectual, começando com os processos administrativos e técnicos básicos o que elimina muitas funções técnico-administrativas (incluindo assistentes administrativos, motoristas, tradutores, e funcionários que prestam serviços-base). Vai também afetar empregos técnicos e criativos (designers, jornalistas, marketeers, fisioterapeutas), bem como posições juniores em profissões liberais nas áreas empresarial e legal. Surpreendentemente, mesmo empregos de base tecnológica como programadores juniores estão já a ser afetados. No futuro, à medida que as ferramentas e agentes de IA melhorarem, profissionais mais seniores e profissões mais complexas serão também afetadas.
A exceção, ironicamente, são as profissões que requerem atividade manual e envolvimento com as pessoas. Artesãos, canalizadores e marceneiros, enfermeiros, técnicos de saúde e de apoio a idosos, terão procura crescente pelos seus serviços e potencialmente uma valorização salarial. Essas profissões estarão seguras até que uma nova revolução tecnológica (que está a começar) alie com sucesso a inteligência artificial à robótica.
Do lado positivo, todas as profissões relacionadas com ciência e análise de dados, desenvolvimento de agentes de Inteligência Artificial, e automação de processos com IA, verão crescer a procura e o valor dos seus serviços, como revela o Fórum Económico Mundial. Ao mesmo tempo, a produtividade daqueles que conseguirem utilizar ferramentas de IA com elevada competência será muito superior, o que levará a ganhos salariais elevados para esses profissionais. E essa é a lição para os graduados do futuro. O seu valor de mercado e potencial de carreira estará ligado à sua capacidade de desenvolver e utilizar ferramentas de IA, bem como de desenvolver “skills” de criatividade, adaptabilidade, e capacidade de liderar e influenciar outras pessoas.
A era da Internet tornou toda a informação do mundo acessível a cada indivíduo. A era da Inteligência Artificial torna todo o conhecimento do mundo acessível a cada indivíduo. Os profissionais do conhecimento sofrerão a disrupção se não forem capazes de alavancar as ferramentas da inteligência artificial, aumentando a sua produtividade e oferecendo um nível de sabedoria e capacidade de ação complexa que a máquina é incapaz de automatizar. Os que conseguirem desenvolver estas competências serão amplamente recompensados e é função das escolas de topo como a Católica-Lisbon preparar os seus alunos para este futuro.
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