Andar em círculos
Ao consumir mais recursos e gerar mais resíduos, mesmo que os fluxos sejam circulares, corremos o risco de ficar presos num vórtice de consumo galopante, onde damos voltas e mais voltas, cada vez mais rápidas, com consequências cada vez mais desastrosas.
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Já é um chavão dizer que a nossa economia tem de deixar de ser linear. É preciso passar a um sistema de produção circular, no qual não extraímos matéria-prima nova para fabricar produtos que vamos usar e deitar fora e em que reintegramos os produtos em fim de vida nos processos produtivos para serem transformados, criando novamente valor económico. Na natureza não há desperdício, e temos de nos mentalizar de que só assim poderemos reduzir a pressão sobre os ecossistemas, quer na extração de recursos naturais, quer na deposição de resíduos. Fechar o círculo é o objetivo de várias políticas ambientais, tendo a União Europeia já publicado dois Planos de Ação para a Economia Circular (em 2015 e 2020). Apesar disso, de acordo com a European Environment Agency (EEA), a taxa de circularidade na UE em 2023 era de apenas 11,8%, ou seja, pouco mais de um décimo dos produtos novos recorre à incorporação de material reciclado. Não se vislumbra progresso, apesar das estratégias europeias e nacionais para a economia circular. Os indicadores de fluxo de materiais, de geração de resíduos e de reciclagem estão estagnados em níveis próximos dos de 2012: cada europeu utiliza cerca de 14 toneladas de materiais por ano, gera 5 toneladas de resíduos e a taxa de reciclagem teima em não chegar a 50%1.
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