Mateus 26:34
"Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes". Calma. Não se deixem enganar. Não estou possuído pelo espírito do "abominável" João César das Neves.
Se começo a crónica com uma citação do Novo Testamento é porque se deu um milagre! Pedro e companhia - que grande galo - negaram as agências, mais de três vezes ao dia. Bastou um murro no estômago para que os seguidores do sacrossanto "rating" se assustassem e, de imediato, negassem o bem que apregoavam.
De repente, os apóstolos da Moody's deixaram de acreditar que o cordeiro do seu Deus tira o pecado do mundo - agora dizem que, afinal, é apenas uma cabra que dá queijos muito pouco amanteigados. Cavaco Silva, doutorado em Economia pela Universidade de York, depois de ter dito - este caso, um pouco escandaloso, foi como um detonador que despertou os líderes europeus para enfrentarem aquilo que têm vindo a fazer as agências - nunca mais poderá olhar, olhos nos olhos, o "Financial Times" sem baixar a cabeça e chorar de vergonha (esperemos que já o leia em Ipad). Na sua vasta obra publicada, não se lê uma palavra contra o que as agências têm vindo a fazer e o seu último livro "Crónicas de Uma Crise Anunciada" podia ter servido de inspiração para o filme a que agora estamos a assistir.
Cavaco - o Economista - foi deposto por Aníbal - o Político - e estava furioso por ser o líder de uma nação de Almeidas (e tinha receio de ver o seu Facebook atacado por varejeiras). O Presidente da República considerou não haver a mínima justificação para o corte de rating a Portugal. Se chateia o Cavaco já se justifica - diria eu, se fosse a Moody's. Traidores! A Moody's foi tratada como a mulher adúltera do nosso melhor amigo. De um dia para o outro deixou de merecer respeito. Até Mira Amaral; que era visita lá de casa; classificou a descida do rating português como "infeliz e terrorista", e ameaçou fazer explodir um cinto de perdigotos.
Passos Coelho pensou em acusar a Moody's de racismo. E o especialista, da Sic Notícias, José Gomes Ferreira, surgiu como entrevistado (que é quando ele dá menos opiniões) a tentar tapar a tatuagem da Moody's e a falar sobre os interesses obscuros da América… eu estava à espera de um - quando Sócrates for para Paris o "rating" sobe logo - mas não. O problema é sempre o mesmo: o discurso sobre a realidade é feito em função do que dá mais jeito à nossa realidade. E tem sido assim durante muito tempo, e em quase todo o lado. O que faz com que já não exista uma realidade. Ou, na melhor das hipóteses, já ninguém sabe qual é a realidade. Vivemos num tempo que fica entre o balanço e a previsão da realidade. Eu, como adoro nevoeiro, acho espectacular.
João 23:45 (mais coisa menos coisa)
1. O Moedas desapareceu desde que se anunciou a estreia do último filme do Harry Potter. Cheira-me a manobra publicitária.
2. Os números da recessão e da inflação são bons, mostram que Portugal já está a entrar no coma induzido.
3. Só para chatear, se sairmos do euro devíamos chamar à nova moeda portuguesa Marco. Ou então Adolfo.
4. Se unirem os pontos na cara do Carvalho da Silva dá uma ponte.
5. Gostava de conhecer o Norte do Sudão do Sul
6. Crise em Itália é bom. Basta as imagens de italianas em Roma para já ser melhor que a da Grécia.
7. Estou a tirar sangue para encher um tinteiro da impressora - vou passar a imprimir documentos com o meu próprio sangue - é muito mais barato!
8. Durão Barroso está com a cabeça na Alemanha e com o corpo da Merkel.
9. Veados em hasta pública às 10h30 da manhã!!! Porque é que tudo o que é bom acontece quando eu estou a dormir?
10. Eurogrupo fez reunião onde deixou bem claro que se for preciso faz mais uma reunião.
11. O piig italiano é demasiado gordito. O "vou soprar, soprar e vai tudo p'lo ar" só funciona com os porquinhos mais leves.
12. Betty Ford já não vai à revisão dos 100.
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