O falso remédio da tecnomedicina
Numa altura em que a privacidade individual é cada vez mais um luxo do que um direito, os algoritmos que cada vez mais regem as nossas vidas estão a tornar-se caixas negras inacessíveis, resguardadas do escrutínio público ou regulatório de modo a proteger os interesses corporativos. E, no caso dos cuidados de saúde, os modelos algorítmicos de diagnóstico e decisão por vezes apresentam resultados que os próprios médicos não compreendem.
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Numa entrevista que deu em inícios deste ano ao The Wall Street Journal, David Feinberg, diretor da Google Health e fanático confesso da astrologia, disse de forma empolgada que "se você achar que a única coisa que fazemos é organizar informação para facilitar as coisas para o seu médico, terei de ser um pouco paternalista e dizer-lhe que nunca deixarei que você opte por ficar de fora". Por outras palavras, muito em breve os pacientes não terão outra escolha se não receberem horóscopos clínicos personalizados, baseados nos seus próprios historiais médicos e nas inferências extraídas de um conjunto crescente de registos dos pacientes. Mas, mesmo que queiramos um mundo com estas características, há que analisarmos atentamente aquilo que os atuais defensores das tecnologias de saúde estão realmente a vender.
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