O efeito do Brexit sobre o pequeno-almoço inglês
Em causa está a Marmite, uma espécie de pasta derivada do extracto de levedura, que apesar do seu sabor muito intenso é vista como obrigatória na mesa de muitos ingleses. Acontece que o fabricante da Marmite quis aumentar o preço do produto devido à quebra da libra e ao preço das matérias-primas, levando a cadeia de supermercados Tesco a ameaçar deixar de disponibilizar a pasta aos seus clientes. Tinha nascido o "Marmitegate", que chegou inclusive ao Parlamento.
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No El País, Berna González Harbour mergulha no pote de Marmite. "Ninguém pareceu importar-se muito com o desaparecimento dos gelados Ben & Jerry, do detergente Persil ou dos sabonetes Dove, ou a fuga de programas bancários ou de fábricas automóveis para qualquer outro lugar da União Europeia. Mas com a Marmite não se brinca", salienta.
No dia em que Theresa May enfrentou a sua primeira cimeira da UE, Polly Toynbee escreve no Guardian que continua a crescer o movimento público contra o Brexit. "A guerra de preços da Marmite tornou claro às pessoas que o preço dos alimentos irá subir acentuadamente", explica, acrescentando que "a queda da libra pode ajudar alguma indústria e os vendedores de bens de luxo de Bond Street, mas a nossa precária sobredependência de importações significa fortes aumentos dos preços dos combustíveis e da comida, e isso é bastante mais importante do que malas da Burberry mais baratas".
Florentin Collomp, correspondente do Le Figaro em Londres, explica que "contrariamente ao seu discurso para consumo interno, Theresa May não quer que Bruxelas pense que ela apoia um 'hard Brexit'". O problema é que a UE não parece disposta a abrir mais estatutos excepcionais aos britânicos. Com ou sem Marmite.
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