Lucro da Navigator recua 51% para 118 milhões até setembro
A The Navigator Company registou lucros de 118,3 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano, o que representa uma quebra de 51% face aos 241,4 milhões apurados no mesmo período de 2024.
Em comunicado à CMVM, a empresa liderada por António Redondo revela ainda que as vendas totais apresentaram um recuo de 5,1%, em termos homólogos, para 1.489,3 milhões.
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O grupo salienta, contudo, que as vendas de papel de impressão e escrita (UWF) e de “packaging” aumentaram 15% face ao terceiro trimestre de 2024, totalizando 316 mil toneladas, tendo ficado em linha com o trimestre anterior, apesar do contexto global “marcado por forte instabilidade macroeconómica e comercial e, ainda, pela redução de preços nos mercados internacionais”.
De acordo com a empresa, o “tissue” e o “packaging” – que registou o melhor trimestre de sempre, desde o máximo alcançado em 2022 – “continuam a revelar elevado potencial de crescimento, representando já perto de 30% do volume de negócios e do EBITDA", contribuindo “para reduzir a pressão sobre os resultados num contexto de queda de preços de pasta e papel”.
Já o EBITDA do grupo caiu, neste período, 30,4%, de 431,3 para 300,2 milhões, fixando-se a margem EBITDA em 20,2%.
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“Os primeiros 9 meses de 2025 decorreram num contexto internacional de forte abrandamento económico e elevada volatilidade, condicionado pelos conflitos no Médio Oriente e na Europa de Leste, pelo reforço das políticas protecionistas e pela instabilidade política em várias economias desenvolvidas”, sublinha a Navigator na apresentação das contas, acrescentando que o último trimestre “foi particularmente afetado pela pressão sobre os custos de energia (...) com impactos indiretos nos custos de produtos químicos, logística e materiais de embalagem, e pela correção acentuada dos preços da pasta na China após abril”.
O enquadramento, refere ainda, agravou-se com “a entrada em vigor da segunda fase do Sistema de Comércio de Emissões (ETS) no transporte marítimo e pela incerteza associada à introdução de novas tarifas aduaneiras, fatores que acentuaram a volatilidade dos preços dos fretes e a pressão sobre as cadeias de abastecimento globais”.
Apesar do aumento dos preços da energia e dos químicos, ao longo do ano a empresa diz que tem vindo a conseguir com sucesso a redução dos seus “cash costs”.
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O grupo frisa ainda que a redução da disponibilidade de madeira nacional tem exercido pressão sobre a produção industrial, levando à paragem temporária da unidade de pasta de Aveiro, o que tem levado o grupo a alargar a sua base de fornecimento de madeira, com “a diversificação geográfica dos fornecedores” e a “otimização da cadeia de abastecimento” como o objetivo de “aumentar a resiliência industrial e abrir novas oportunidades comerciais”.
A empresa diz ainda que conseguiu crescer em volume em todos os negócios papeleiros e aumentar a quota de mercado, recordando que tem “programas em curso de otimização e redução de custos variáveis. Ao nível dos custos fixos, garante que prossegue a estratégia de controlo e racionalização, estabilizando os valores face a 2024 e identificando oportunidades para reduções estruturais futuras.
O grupo salienta que a entrada de encomendas de UWF da indústria europeia, nos primeiros nove meses, caiu 2% face ao período homólogo devido à “incerteza no mercado, que tem levado os clientes a adiar as suas decisões de compra”, para assegurar estar em contraciclo ao registar um aumento de 12% na entrada de encomendas de cliente, face ao ano passado, o que “permitiu reposicionar os níveis da carteira de encomendas em valores mais confortáveis”.
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O grupo diz ainda que “o mercado da pasta começa também a dar sinais de estabilização após o ponto mais baixo do ciclo de preços”. As vendas de pasta da Navigator totalizaram 258 mil toneladas, registando uma redução de 7% face ao período homólogo, por menor produção de pasta agravado pelo incêndio ocorrido em Setúbal em julho. Já o valor das vendas reduziu 24% face ao período homólogo, "resultado da quebra de preços verificada".
Até setembro o volume de vendas de "tissue" atingiu 177 mil toneladas, registando um aumento de 14% face ao período homólogo, enquanto em valor apresentou um crescimento de 17%. Para o crescimento homólogo contribuiu a integração do negócio da Navigator Tissue UK, concretizado em maio de 2024, diz.
Já no "packaging" as vendas registaram um crescimento em relação ao período homólogo de 7% nos primeiros 9 meses, motivado por uma melhoria no preço de 1%.
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No final de setembro, a investimento do grupo registou um acréscimo face ao mesmo período de 2024 para 159,6 milhões de euros. Já a dívida líquida remunerada também subiu para 769,6 milhões, com o rácio de dívida líquida remunerada/EBITDA de 1,85x.
O grupo faz notar que, apesar da menor incerteza e projeções de crescimento mais favoráveis, “persistem riscos relevantes, designadamente as tensões geopolíticas, possíveis ruturas nas cadeias de abastecimento e vulnerabilidades financeiras associadas à deterioração das contas públicas e à instabilidade institucional em várias economias.
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