Portugal vai financiar projetos de transparência climática nos países lusófonos com uma verba de 1,5 milhões de euros, anunciou esta quarta-feira a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, durante a COP30, que decorre em Belém do Pará, no Brasil.

O investimento servirá para fortalecer a cooperação entre os países de língua portuguesa no âmbito das políticas climáticas e melhorar a capacidade de monitorização e gestão ambiental. “Anunciámos uma verba de 1,5 milhões de euros para transparência nas políticas climáticas dos países lusófonos. Portanto, uma rede de capacitação, de troca de experiências para uma melhor transparência nos inventários, nos financiamentos, como fazer toda a gestão desses dossiers complexos na área do clima”, afirmou a ministra em entrevista à ONU News.

A iniciativa surge num momento em que Portugal tem reforçado a sua presença internacional na diplomacia climática, promovendo modelos de cooperação técnica e financeira inovadores. Entre eles, destaca-se o programa de conversão de dívida em financiamento climático com Cabo Verde, um projeto que, segundo Maria da Graça Carvalho, “está a correr muito bem”. E tem resultados concretos, nomeadamente na expansão de uma central fotovoltaica na ilha de Santiago. “Já acordámos fazer o mesmo com São Tomé e Príncipe”, adiantou.

A ministra destacou ainda a cooperação histórica entre os países lusófonos na área do clima, reforçada pelo pavilhão da lusofonia presente na COP30, um espaço projetado pelos arquitetos Eduardo Souto de Moura e Álvaro Siza Vieira, que serve como ponto de encontro entre os países de expressão portuguesa. 

Nos últimos anos, Portugal financiou 79 projetos em países lusófonos, num total de cerca de 18 milhões de euros, segundo dados apresentados pela responsável da pasta. O novo pacote de 1,5 milhões representa um passo adicional na construção de infraestruturas de transparência e governação climática, com foco em inventários de emissões, sistemas de reporte e planeamento de políticas públicas.

Maria da Graça Carvalho destacou os avanços nacionais na mitigação e adaptação climática, lembrando os “bons resultados” do país, em particular na descarbonização da eletricidade. “Fechámos o ano passado com 71% da eletricidade de origem renovável e nos primeiros seis meses deste ano chegámos aos 80%”, afirmou.

A ministra reforçou ainda o compromisso com a proteção marinha e a economia azul, lembrando o Fundo Azul para promover a conservação dos oceanos. “Estamos a trabalhar para chegar muito em breve, já em 2026, a 30% do nosso mar protegido. Neste momento temos 19%”, disse. A COP30 decorre no Brasil até 21 de novembro.