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Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Setor agroalimentar recebe apenas 5% do financiamento para a transição sustentável

Novo relatório aponta caminhos para atrair investimento e transformar a produção alimentar face à emergência climática. Falta de ação poderá significar o incumprimento do Acordo de Paris.

28 de Julho de 2025 às 18:52
agricultura, arroz, Portugak
agricultura, arroz, Portugak João Miguel Rodrigues
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É preciso reforçar, em larga escala, o financiamento dirigido à transição sustentável dos sistemas agroalimentares, aponta um recente da Bain & Company com o Fórum Económico Mundial. De acordo com o documento, apenas 5% dos 1,1 biliões de dólares anuais necessários para a transformação são hoje investidos, colocando em causa a resiliência da produção alimentar alinhada com o Acordo de Paris. 

“O investimento em sistemas alimentares não é apenas uma necessidade climática. É uma oportunidade comercial”, defende Francisco Montenegro, partner da Bain & Company. O especialista sublinha que “os financiadores com exposição ao setor alimentar têm interesse em melhorar os perfis de risco de crédito dos seus clientes” e que esta é também uma forma de cumprir regulamentos de sustentabilidade e compromissos com as partes interessadas.

Atualmente, a maior parte do investimento privado em alimentação concentra-se na Europa e na América do Norte, enquanto regiões como Ásia-Pacífico, África e América Latina, apontadas como sendo as que precisam de maior apoio, continuam severamente subfinanciadas.

O relatório propõe três modelos financeiros para desbloquear o investimento necessário, que inclui financiamento direto a agricultores, empréstimos através de empresas e plataformas com múltiplos intervenientes. Estas abordagens, dizem os autores, podem ajudar a superar obstáculos como a fragmentação do setor, a incerteza dos retornos e a falta de relatórios de impacto consistentes.

“Uma característica comum a todos os modelos é a necessidade de ação coordenada em toda a cadeia de valor, incluindo agricultores, empresas agroalimentares, retalhistas, instituições financeiras, fornecedores de dados e governos”, explica Derek Baraldi, diretor de sustentabilidade do Fórum Económico Mundial. O responsável destaca ainda o papel de estratégias de redução de risco, como as garantias financeiras e métodos inovadores como a monetização de resultados do ecossistema.

O documento aponta exemplos concretos de iniciativas bem-sucedidas, como a Aceli Africa, o Project Acorn, o programa de agricultura regenerativa da McCain e a plataforma IFACC - Innovative Finance for the Amazon, Cerrado and Chaco. Em comum têm a característica de demonstrarem como o capital comercial, filantrópico e governamental pode ser alinhado para gerar impacto à escala global.

Há, porém, cinco ações que podem ser transformadoras e ajudar a acelerar o crescimento do financiamento. “Estabelecer metas claras, criar parcerias estratégicas, conceber mecanismos inovadores de financiamento, gerir eficazmente o risco de crédito e garantir o apoio contínuo da liderança sénior”, aponta Francisco Montenegro, que acrescenta que “ampliar esses investimentos requer uma estratégia personalizada, alinhada com os pontos fortes, o portfólio, a propensão ao risco e as metas de sustentabilidade das instituições”.

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