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Sustentabilidade pesa cada vez mais no carrinho de compras dos portugueses

Quase metade da população já deixou de consumir uma marca por não considerar sustentáveis as suas práticas, aponta um novo estudo.

04 de Junho de 2025 às 13:37
Getty Images
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A sustentabilidade deixou de ser apenas uma tendência para se tornar num critério decisivo de compra para os consumidores portugueses. De acordo com o estudo realizado pela Product of the Year Portugal, divulgado a propósito do Dia Mundial do Ambiente, 49% dos inquiridos admitiram já ter deixado de comprar produtos de marcas cujas práticas consideram prejudiciais ao ambiente ou pouco sustentáveis.

Este dado é revelador de uma mudança significativa nos padrões de consumo, impulsionada por uma maior consciência ecológica e social. Quando questionados sobre o que significa, afinal, “sustentabilidade”, os portugueses responderam, em primeiro lugar, com “consumo consciente e responsável” (23%). Seguiram-se a preservação ambiental (21%) e a redução do desperdício e reciclagem (19%), numa demonstração de que o conceito, embora amplo, tem vindo a ganhar contornos mais claros para o consumidor comum.

As escolhas sustentáveis fazem-se notar também nos hábitos do dia-a-dia e os números confirmam: 22% dos inquiridos indicaram que já optam por eletrodomésticos energeticamente eficientes, e outros 22% afirmaram preferir produtos reutilizáveis ou com embalagens reduzidas. A preferência por alimentos biológicos (16%) e cosméticos naturais (15%) reforça a procura por um estilo de vida mais saudável e ambientalmente consciente.

“O impacto ambiental e os benefícios para a saúde são os principais motores de mudança”, salienta o estudo, com 29% dos consumidores a destacar o primeiro e 25% o segundo como razões para escolherem produtos sustentáveis. Já 23% justificam essas escolhas com a vontade de adotar um estilo de vida mais consciente, enquanto 10% apontam a perceção de maior qualidade como fator determinante.

Ainda assim, o preço continua a ser uma variável crítica. Embora 62% dos portugueses diga estar disponível para pagar mais por produtos sustentáveis, apenas 17% aceita um acréscimo de preço significativo. Para a maioria dos inquiridos, o custo adicional deve ser razoável. Por outro lado, 9% continua a privilegiar o preço mais baixo, independentemente das credenciais ambientais dos produtos.

A confiança nas marcas também surge como um ponto sensível, aponta a pesquisa. Apesar de 60% reconhecerem que as empresas em Portugal têm feito um esforço para adotar comportamentos mais sustentáveis, muitos consideram que esse caminho ainda é insuficiente: apenas 20% vê uma evolução clara e 17% classificam o progresso como demasiado lento.

Já quanto à forma como as marcas comunicam os seus compromissos ambientais, 60% dos inquiridos consideram a comunicação eficaz, mas alertam para o risco de exagero. O fenómeno do greenwashing é apontado como um problema persistente, mas, mesmo assim, 57% dos consumidores acreditam que os produtos sustentáveis apresentam, em alguns casos, melhor qualidade do que os convencionais.

Às marcas, cabe agora o desafio de responder a estas expectativas de forma transparente, coerente e sem concessões ao greenwashing.

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