O relatório “Ambiente da Europa 2025”, publicado pela Agência Europeia do Ambiente (AEA), pinta um cenário preocupante sobre o futuro ambiental do continente. Apesar dos progressos que considera assinaláveis na redução das emissões de gases com efeito de estufa, na melhoria da qualidade do ar e no aumento da reciclagem, há caminho a fazer. “O estado geral do ambiente na Europa não é positivo”, lê-se no documento.
Entre os maiores desafios estão a degradação dos ecossistemas, a perda de biodiversidade e os impactos das alterações climáticas, que já afetam o crescimento económico e a qualidade de vida. “As alterações climáticas e a degradação ambiental constituem uma ameaça direta à competitividade da Europa”, sublinha a AEA, que alerta para a necessidade de uma gestão mais responsável dos recursos naturais.
A vice-presidente executiva para a Transição Limpa, Justa e Competitiva, Teresa Ribera, diz que “a Europa deve manter o rumo e até reforçar as suas ambições climáticas e ambientais”, considerando que “proteger a natureza não é um custo”, mas “um investimento na competitividade, na resiliência e no bem-estar dos cidadãos”.
Para a AEA e para a Comissão Europeia, é necessário “repensar a ligação entre ambiente e economia”, sob pena de o bloco comunitário não ser capaz de “reduzir a poluição” e proteger a biodiversidade, aponta a comissária Jessika Roswall.
O relatório recorda que a União Europeia (UE) é hoje líder mundial na ação climática, com uma redução contínua de emissões e duplicação da quota de energias renováveis desde 2005. Mas lembra, porém, que a Europa é também “o continente que regista o aquecimento mais rápido”, o que traz riscos acrescidos de fenómenos meteorológicos extremos, como secas e incêndios – recorde-se, aliás, o impacto que as alterações climáticas têm tido no agravamento da intensidade dos fogos. “Os custos da inação são enormes, e as alterações climáticas representam uma ameaça direta à nossa competitividade”, reforça o comissário Wopke Hoekstra, citado no documento.
O caso português surge em destaque, com Portugal a ser apontado como um dos países do sul da Europa mais vulneráveis às alterações climáticas, em particular no que diz respeito a secas prolongadas, incêndios, erosão costeira e cheias repentinas, com perdas económicas crescentes. Ainda assim, é reconhecido o progresso nacional em matéria de redução das emissões, expansão da agricultura biológica e investimentos em transportes públicos.
A conclusão do relatório sublinha que só uma transformação profunda nos sistemas de produção e consumo permitirá à Europa manter-se competitiva e garantir qualidade de vida às próximas gerações. O caminho, lê-se, passa por acelerar a descarbonização e apostar na economia circular.