Júlia Seixas, pró-reitora da Universidade Nova de Lisboa e presidente do júri nesta categoria, moderou o debate com Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP, Pedro Norton, CEO da Finerge, e José Martos, Chief Executive Officer da Saint-Gobain.
Em 2019, atingimos o pico das emissões com gases com efeito de estufa mas há tecnologias e processos, com um custo eficaz para, pelo menos, reduzir as emissões em 50% até 2030, referiu Júlia Seixas, pró-reitora da Universidade Nova de Lisboa e presidente do júri de Descarbonização. Foi desta forma que a professora lançou o debate que juntou a EDP, a Finerge e a Saint-Gobain.
Júlia Seixas lembrou que há uma lei do clima europeia, um discurso e um roteiro para a neutralidade carbónica, da mesma forma que as grandes empresas têm feito o trabalho de casa, com roteiros para descarbonização. Ainda assim, Portugal tem uma grande componente de PME e "para trabalhar para a neutralidade carbónica significa ter algum know-how, saber projetar".
José Martos, CEO da Saint Gobain Portugal, concorda que o maior desafio da descarbonização e transição energética está nas PME porque "o curto prazo pode sacrificar o longo prazo e o tema de sustentabilidade é um tema de muita visão e compromisso a longo prazo". "As PME em Portugal, com a pandemia, a crise energética e a inflação, estão a ter bastante stress a curto prazo que pode adiar o longo prazo", avisou.
"Há dois pontos que reforçam a opção de fazer a transição energética o mais rapidamente possível e que são a independência energética e o preço perfeitamente previsível, duas dimensões em que as renováveis são fortes", acrescentou Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP. O gestor frisou que houve um leilão recente com preços para 15 anos que foram negativos. E que, na verdade, podia ter até sido fixado um preço para 30 anos. "Seria um preço conhecido à partida e não haveria variabilidade como existe em relação ao Brent ou ao gás."




Exportar energia
A Finerge é líder na produção de energia eólica em Portugal e Pedro Norton, o seu CEO, defendeu que "Portugal tem condições únicas na produção de energia solar e eólica e poderia ser um exportador energia renovável se não houvesse as limitações das interligações elétricas, nomeadamente entre Espanha e França, que na prática transformam Portugal e Espanha numa ilha ibérica".
Pedro Norton considerou que um eventual regresso à produção de energia com carvão e nuclear são reações de curto prazo face ao contexto de guerra na Ucrânia, "porque, a médio e longo prazo, há tendência de aceleração da transição energética e do investimento em produção de renováveis, hidrogénio verde". A EDP também está a desvendar caminhos no hidrogénio verde, mas "não é tão fácil e tão óbvio como o setor elétrico", disse Miguel Stilwell.
Os desafios do clima
Para se atingirem as metas de descarbonização terá de ser feito sequestro biológico pelas florestas e solos e captura química da atmosfera (CDR). "Os riscos climáticos vão ser cada vez mais relevantes para as empresas porque a probabilidade de cumprir o acordo de Paris é mais difícil", alertou Filipe Duarte Santos, do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável numa apresentação que antecedeu o painel. A CaetanoBus apresentou o seu case study de transporte público à base de gás e hidrogénio.