O Banco Central Europeu (BCE) divulgou recentemente o seu terceiro relatório de transparência climática, destacando avanços significativos na redução da pegada de carbono do seu portefólio de obrigações corporativas. Entre 2021 e 2024, a intensidade carbónica dessas carteiras desceu 38%, uma evolução que o BCE atribui tanto às medidas de descarbonização das empresas emissoras como à sua estratégia de investimento orientada para organizações com melhor desempenho ambiental.
No total, este organismo europeu gere cerca de 331 mil milhões de euros em obrigações corporativas, incluindo ativos no âmbito do Programa de Compra de Ativos (APP) e do Programa de Compra de Emergência Pandémica (PEPP). O impacto ambiental destas carteiras tem sido seguido com rigor desde 2021, ano em que o BCE lançou o seu Plano de Ação Climática, que incluiu, entre outras medidas, um compromisso para aumentar a transparência em matéria climática.
Segundo o relatório agora publicado, a intensidade média de carbono do portefólio caiu de 266 toneladas de CO2 equivalente por milhão de euros para 165 toneladas em 2024. Este indicador, conhecido como Weighted Average Carbon Intensity (WACI), serve como referência para avaliar a pegada carbónica dos investimentos realizados pelo BCE.
“Construir resiliência estratégica e combater as alterações climáticas andam de mãos dadas – e o futuro da Europa e do mundo depende crucialmente do sucesso do nosso esforço coletivo para reduzir as emissões de carbono”, apontou a presidente, Christine Lagarde. “No BCE, levamos as alterações climáticas em conta na execução do nosso mandato. Para cumprir o nosso principal objetivo de manter a estabilidade dos preços, precisamos compreender como as alterações climáticas, a degradação da natureza e a transição verde afetam a economia e gerir os riscos associados”, sublinhou.
A nova meta anunciada pela instituição prevê uma redução média anual de 7% na intensidade de emissões das suas participações em obrigações corporativas, uma medida para assegurar alinhamento com o Acordo de Paris e os planos europeus de neutralidade climática até 2050.
O relatório também introduziu um novo indicador para medir a exposição do BCE e do Eurosistema a setores com dependências ou impactos materiais na natureza. Cerca de 30% das obrigações corporativas estão concentradas nos três setores mais expostos, que são as utilities, alimentação e imobiliário.
Desde 2021, o BCE tem vindo a incluir progressivamente as alterações climáticas no seu quadro de política monetária, incorporando novos requisitos para divulgação climática, ajustando as ferramentas de avaliação de riscos e exigindo que as garantias aceites para operações de política monetária cumprem critérios climáticos.
“Para manter a estabilidade dos preços, precisamos de gerir os riscos que as alterações climáticas colocam à economia. Isso exige entender e integrar esses desafios no nosso trabalho diário”, aponta Christine Lagarde.