A pressão para divulgar informação sobre sustentabilidade continua a crescer, até em regiões onde os reguladores têm recuado nos requisitos obrigatórios. A conclusão é de um novo inquérito global da PwC, que auscultou cerca de 500 executivos e gestores em 40 países, no âmbito do Global Sustainability Reporting Survey 2025.
Segundo o estudo, 36% das empresas já publicaram relatórios de sustentabilidade em conformidade com a CSRD, a diretiva europeia que obriga grandes empresas a reportar dados ambientais, sociais e de governação, ou com as normas do ISSB - o International Sustainability Standards Board, criado para estabelecer padrões internacionais. Há ainda 41% das organizações que planeiam fazê-lo ao abrigo do enquadramento europeu, e 23% por via do ISSB.
O resultado, aponta-se, surge numa altura de sinais contraditórios, em que, por um lado, cresce a adoção de normas internacionais de reporte e, por outro, são cada vez mais os sinais de abrandamento – ou mesmo recuo – regulatório. Nos Estados Unidos, a SEC poderá abandonar as regras de reporte climático, enquanto a União Europeia simplificou a CSRD, incluindo o adiamento de prazos e a isenção aplicada a empresas mais pequenas.
Aliás, no país liderado por Donald Trump, têm sido vários os sinais de abandono de regulação, bem como muitas as declarações públicas e oficiais sobre alterações climáticas. Na intervenção do presidente norte-americano perante a Assembleia Geral da ONU, na semana passada, voltou a considerar as alterações climáticas uma “fraude”.
Contudo, o mercado parece estar a funcionar numa via alternativa. Os dados agora divulgados pela PwC mostram que mais de metade dos inquiridos afirma sentir exigências crescentes dos investidores, clientes e até colaboradores, enquanto apenas 7% dizem sentir um alívio. Entre as empresas que planeiam reportar segundo a CSRD, cerca de 40% admitem adiar a publicação em linha com o calendário europeu revisto, mas outras tantas mantêm a intenção de avançar já.
O relatório diz mesmo que para muitas empresas o reporte de sustentabilidade não serve apenas para cumprir as regras, mas também – e cada vez mais – para apoiar decisões estratégicas. Apenas uma pequena minoria considera que o processo não trouxe benefícios além da conformidade regulatória.
No mesmo sentido, dois terços dos inquiridos garantem ter reforçado os recursos dedicados a estas atividades no último ano, e apenas 6% dizem ter feito o caminho inverso.
Para a consultora, os dados agora conhecidos mostram que, mais do que a regulação, a pressão surge cada vez mais dos mercados e da sociedade, que exigem mais transparência e ação.