A sustentabilidade consolidou-se como um dos pilares da liderança feminina em Portugal, aponta o novo estudo Global Female Leaders Outlook 2025, da KPMG. Entre as gestoras nacionais, 43% acreditam que a governança deve ser o principal acelerador da estratégia ESG das suas empresas, um valor superior à média global que ficou nos 38%.
O relatório, que reúne as perspetivas de 475 líderes de topo em 46 países, mostra que, mesmo num contexto de incerteza económica e tensões geopolíticas, as executivas portuguesas estão a posicionar a sustentabilidade e a boa governação no centro da transformação empresarial. Além disso, 40% confiam que as suas organizações vão atingir as metas de neutralidade carbónica até 2030, um sinal de que a agenda verde continua a ganhar maturidade em território nacional.
“Apesar das incertezas globais, o otimismo nacional e a aposta na inovação, inclusão e sustentabilidade posicionam Portugal como um exemplo de liderança feminina estratégica”, afirma Vítor Ribeirinho, CEO da consultora em Portugal. Para o responsável, o estudo “permite ter uma visão clara e alargada sobre como as empresárias nacionais e internacionais olham para alguns dos principais temas mundiais”, reforçando que a comparação entre visões locais e globais aumenta o grau de preparação das organizações para contextos imprevisíveis.
Embora a maioria das líderes reconheça os benefícios reputacionais das políticas ESG, o relatório destaca que a integração estratégica dessas práticas ainda avança de forma gradual. No entanto, há sinais de mudança, com mais de metade das gestoras nacionais (53,6%) a acreditar que o escrutínio sobre diversidade vai aumentar e 39% a defender que a equidade de género na liderança vai ajudar a atingir os objetivos de crescimento.
A aposta na diversidade surge acompanhada por uma visão mais otimista sobre o futuro, nomeadamente no que respeita ao crescimento económico do país. As líderes portuguesas são das mais confiantes do mundo quanto ao dinamismo da economia (71%) e ao crescimento das suas próprias organizações (68%). Porém, lê-se no estudo, não escondem a preocupação com a economia global, em cuja melhoria a curto prazo apenas 32% acreditam.
Outro dado relevante é a ascensão da inteligência artificial (IA) generativa nas estratégias corporativas, com 46% das executivas portuguesas a considerarem a tecnologia como prioridade de investimento. Para 61%, a eficiência e produtividade são vistas como os principais benefícios.
No plano individual, o relatório evidencia que as gestoras portuguesas continuam a associar o sucesso profissional a trabalho árduo (54%), determinação (39%) e pensamento estratégico (32%).