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Metas ESG já influenciam salários de executivos em 78% das grandes empresas

Cada vez mais empresas ligam o salário dos seus executivos a objetivos de sustentabilidade, revela estudo da KPMG que analisou 375 grandes companhias em 15 países.

16 de Abril de 2025 às 12:59
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dinheiro euros notas moedas Thomas Trutschel/AP
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Um número crescente de empresas está a ‘atrelar’ objetivos de sustentabilidade à remuneração dos seus principais executivos, numa tendência que ganha força à escala global. Segundo um estudo recente da KPMG, 78% das 375 grandes empresas cotadas analisadas nesta pesquisa já integram critérios de sustentabilidade no cálculo dos salários dos seus quadros superiores.

A abordagem visa, acima de tudo, garantir que a gestão de topo está alinhada com os objetivos estratégicos de longo prazo e com as práticas de boa governação. "A ligação da remuneração dos executivos ao desempenho em matérias de sustentabilidade está a tornar-se cada vez mais generalizada nas maiores empresas do mundo", afirma Pedro Q. Cruz, ESG Coordinator Partner da KPMG Portugal. Para o especialista, esta é uma tendência que "não deverá ser exclusiva das grandes empresas, sendo importante que se possa estender também às PME".

Entre os objetivos de sustentabilidade mais comuns estão os relacionados com as alterações climáticas – nomeadamente a redução das emissões de gases com efeito de estufa – e com a força de trabalho da própria empresa, como a promoção da liderança feminina e a redução das taxas de acidentes laborais.

Segundo o relatório, "88% das empresas que definem objetivos específicos de sustentabilidade na remuneração do conselho de administração alinham-nos com as prioridades do seu negócio". Isto revela uma forte preocupação das organizações em garantir que os incentivos financeiros estão ligados a metas relevantes e significativas para a realidade operacional de cada empresa.

O estudo evidencia ainda um contraste geográfico na adoção desta prática. Em média, os países da União Europeia (UE) apresentam níveis mais elevados de integração de métricas ESG na remuneração dos executivos do que os países terceiros. Ainda assim, Reino Unido e Austrália destacam-se pela forte adesão a estas práticas, ocupando o segundo e o terceiro lugar no ranking das 25 maiores empresas com maior integração de objetivos de sustentabilidade na remuneração.

No que diz respeito ao tipo de objetivos definidos, há uma clara preferência por metas de curto prazo. Cerca de 40% das empresas analisadas utilizam exclusivamente objetivos de curto prazo, enquanto 23% utilizam apenas metas de longo prazo. Apenas 37% combinam ambos — uma prática geralmente preferida pelos investidores, que procuram garantir um equilíbrio entre resultados imediatos e o desenvolvimento sustentável a longo prazo.

Apesar da complexidade e desafios na definição e medição destes indicadores, a KPMG defende que a integração de métricas ESG nos pacotes remuneratórios pode funcionar como um importante instrumento de mudança. "Incentivar comportamentos orientados para a sustentabilidade é um elemento-chave de um modelo de governação eficaz", lê-se no relatório, que destaca ainda que a remuneração "é um dos pilares estratégicos de um modelo de governação robusto".

A consultora recomenda que as empresas comecem com um número reduzido de indicadores relevantes, que sejam mensuráveis, controláveis e com impacto significativo na performance da empresa. Estes indicadores devem ser extraídos da estratégia corporativa, estar alinhados com os riscos e oportunidades do negócio e ser reportados de forma transparente e fiável.

Num contexto global em que os critérios ESG assumem crescente importância para investidores, reguladores e consumidores, a remuneração sustentável surge como um reflexo das exigências contemporâneas colocadas às lideranças empresariais. "O ponto de partida deve ser um pequeno número de indicadores de desempenho que sejam mensuráveis, de fácil identificação, significativos e decisivos para melhorar o desempenho de sustentabilidade de uma empresa", conclui Pedro Q. Cruz.

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