Num mundo em constante transformação, o que significa ser um líder de sucesso em 2030? A resposta chega do mais recente estudo da CEMS – Aliança Global de Escolas de Gestão, que conta com a Nova SBE como único membro português, através de um documento que reúne contributos de 20 multinacionais parceiras e traça um novo perfil de liderança, centrado não só em competências técnicas, mas também humanas, digitais e interculturais.
“A expertise técnica continua a ser valorizada, mas já não é suficiente”, conclui o estudo divulgado esta sexta-feira. Os líderes do futuro, avança o relatório, vão destacar-se pela capacidade de inovar, de agir com pensamento empreendedor, de se adaptar a diferentes culturas e de tomar decisões centradas nas pessoas, com impacto positivo.
A análise aponta cinco competências essenciais que vão marcar os líderes bem-sucedidos até ao final desta década. Em primeiro lugar, o rigor analítico aliado à criatividade, ou seja, a capacidade de interpretar dados complexos e transformá-los em decisões inovadoras, que será um diferencial face à inteligência artificial (IA). Em segundo, o pensamento empreendedor: líderes que questionem modelos tradicionais e impulsionem soluções com propósito. Em terceiro, surge a inteligência cultural, que será vital saber construir relações e colaborar com equipas diversas. Em quarto lugar, a especialização técnica com visão de gestão. E, por fim, a fluência digital, entendida não como saber programar, mas como saber interpretar tendências e dados para apoiar decisões estratégicas.
Para Catherine da Silveira, associate dean da Nova SBE e diretora académica do CEMS, este novo paradigma de liderança é também uma chamada à ação para as instituições de ensino. “O mercado de trabalho global exige cada vez mais profissionais que saibam conjugar excelência técnica com competências humanas, digitais e interculturais”, afirma. “Este estudo reforça a importância de preparar os nossos alunos não só para liderar empresas, mas também para gerar impacto positivo na sociedade”, acredita.
A liderança do futuro terá de ter, acima de tudo, um rosto humano. O estudo sublinha a relevância crescente de traços como resiliência e capacidade de adaptação, essenciais para enfrentar contextos de incerteza, assim como de valores como humildade, autenticidade e inteligência emocional. Destaca-se ainda a importância de ter uma liderança orientada por valores, com ética, responsabilidade social e bem-estar.
Este alinhamento entre competências técnicas e humanas é visível naquilo que empresas como o BNP Paribas procuram nos jovens talentos. “Procuramos graduados que demonstrem flexibilidade – tanto nas tarefas que realizam quanto na abordagem à resolução de problemas”, afirma Nicolas Barbier, chief of staff do BNP Paribas Portugal, parceiro do CEMS. Para o gestor, são estas as pessoas com maior potencial de liderança, capazes de pensar estrategicamente, “ligar os pontos” e encontrar soluções eficazes num contexto em rápida mudança.
“Os nossos graduados devem sentir-se confortáveis ao navegar por um ecossistema diversificado, trabalhando com colegas de várias nacionalidades e interagindo com confiança dentro de uma organização verdadeiramente global”, acrescenta Nicolas Barbier. O responsável destaca ainda a capacidade de motivar equipas como um fator diferenciador e lembra que “uma mentalidade coletiva é incrivelmente poderosa” para liderar pessoas.
O estudo termina com um aviso de que os líderes de 2030 não serão apenas gestores eficientes, mas também agentes de mudança. Será fundamental que saibam conjugar conhecimento técnico com inteligência emocional, visão estratégica com propósito, e desempenho com impacto positivo.
