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Trump proíbe uso de dados de etnia e género no recrutamento federal

Governo norte-americano ordena fim do uso de critérios relacionados com diversidade, equidade e inclusão na contratação pública em nome do “mérito”.

30 de Maio de 2025 às 19:09
Donald Trump
Donald Trump Evan Vucci / AP
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A Administração Trump ordenou esta semana a todas as agências federais que deixem de utilizar dados sobre sexo, etnia ou origem nacional nos seus processos de recrutamento. A medida acontece no seguimento do esforço da Casa Branca para excluir critérios associados a iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), alegadamente para privilegiar o mérito.

A diretiva concretiza uma ordem executiva assinada pelo Presidente dos Estados Unidos, em janeiro, cuja intenção é "restaurar o mérito no centro do processo de contratação". Segundo a Reuters, no memorando enviado aos responsáveis de recursos humanos das agências governamentais lê-se que todas as decisões de contratação e promoção devem basear-se "exclusivamente no mérito, qualificações e critérios relacionados com o trabalho – não na raça, sexo, cor, religião ou origem nacional".

"Os líderes de recursos humanos devem cessar o uso de estatísticas sobre raça, sexo, etnia ou origem nacional, bem como do conceito mais amplo de 'sub-representação' de certos grupos" no que diz respeito ao recrutamento ou contratação, lê-se no documento. A divulgação pública desses dados também passa a ser proibida.

Este passo representa o mais recente ataque da administração liderada por Donald Trump aos programas DEI, pensados para corrigir injustiças históricas e promover a inclusão de grupos marginalizados no setor público. "Os dados sobre raça ou género sempre foram uma ferramenta essencial para identificar desigualdades ou potenciais práticas discriminatórias no recrutamento", alertam ativistas pela igualdade citados pela Reuters.

Para além de banir os dados de diversidade, o memorando critica também a importância que as agências federais têm dado à formação académica de prestígio. "As agências têm estado demasiado focadas em universidades de elite e credenciais, em vez de mérito, competência prática e compromisso com os ideais americanos", afirma o documento.

Em alternativa, a Administração propõe uma nova estratégia de recrutamento, que deve passar pela procura de talentos entre veteranos, profissionais com formação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática, e sobretudo entre jovens formados em universidades estatais, colégios religiosos, escolas técnicas, organizações religiosas e comunidades de ensino doméstico.

"Doravante, as agências devem assegurar que o recrutamento de início de carreira se concentre em americanos patriotas que adiram fielmente à Constituição e ao Estado de Direito", lê-se no memorando.

Os temas da diversidade e da inclusão têm sido, desde a tomada de posse, alvo de crítica pela Administração Trump, tendo já provocado debates judiciais. Para os críticos destas políticas, o uso de critérios identitários na contratação representa uma forma de discriminação reversa. Já os defensores das práticas inclusivas lembram que a igualdade de oportunidades só pode ser alcançada se existirem mecanismos eficazes para medir e corrigir desequilíbrios estruturais.

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