
A União Europeia (UE) está a acelerar o caminho para a neutralidade climática, mas a um ritmo que é ainda considerado insuficiente. O Flagship Report 2025, publicado pelo European Climate Neutrality Observatory (ECNO), conclui que “a transição em curso ainda não é rápida o suficiente” e alerta que o financiamento é o único dos 13 pilares analisados a avançar na “direção errada”.
Entre os sinais positivos, destacam-se a expansão recorde da energia solar, com 65 GW instalados em 2024, e o facto de, pela primeira vez, esta ser “a maior fonte de eletricidade na UE em meados de 2025”. Segundo os autores, a indústria mostra também melhorias, sobretudo em eficiência energética e circularidade, enquanto a capacidade de fabrico de baterias está no caminho certo para ultrapassar a meta dos 550 GWh anuais até 2030 .
Segundo o relatório, “há sinais de que a base industrial de tecnologias limpas da UE e o ecossistema de inovação estão a melhorar”, e são agora classificados como ‘em linha’ com os objetivos. Estes avanços refletem-se no emprego, com crescimento no setor das renováveis.
Mantêm-se, contudo, desafios relevantes que importa endereçar. O estudo sublinha que “a eletrificação avançou demasiado devagar e o desenvolvimento das infraestruturas relevantes não acompanhou o ritmo necessário”, nomeadamente ao nível do carregamento de veículos. A insuficiência de carregadores e a dependência da Europa em matérias-primas críticas de países como a China são obstáculos que persistem. Aliás, aponta o documento, o país asiático domina cerca de 82% da produção de módulos solares, 65% das nacelas eólicas (a ‘casa das máquinas’ no topo das eólicas) e 83% das células de baterias.
Apesar de algum crescimento em áreas como a dos veículos elétricos ou o armazenamento em baterias, o relatório alerta que “os fluxos financeiros devem alinhar-se com a transição limpa para manter o curso com novo ímpeto”. A ausência de planos robustos de financiamento em vários Estados-membros e a manutenção de subsídios aos combustíveis fósseis atrasam a mudança, considera-se.
Do ponto de vista social, há igualmente questões que exigem atenção dos responsáveis políticos. Embora o emprego verde esteja a crescer, “as disparidades nacionais e regionais persistem devido a atrasos na implementação e à ausência de apoio específico para populações vulneráveis”. A pobreza energética e a polarização política são riscos adicionais, elenca o ECNO.
O relatório defende que o momento atual é decisivo, sublinhando que “acelerar a mudança para uma economia limpa é fundamental para a competitividade e segurança de longo prazo da Europa”. A proposta da Comissão Europeia para um Clean Industrial Deal, que combina descarbonização e competitividade, e o desenho do próximo orçamento europeu, são apontados como oportunidades-chave para alinhar políticas com objetivos de longo prazo.
“A transição está a ganhar força, mas a Europa continua demasiado lenta no caminho para uma economia limpa, justa e competitiva”, resumem os autores.