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Novas gerações procuram cada vez mais equilíbrio no trabalho

Estudo da Deloitte mostra que jovens dão prioridade a salário justo, propósito no trabalho e saúde mental — e trocam de emprego sempre que não encontram este equilíbrio.

20 de Maio de 2025 às 16:24
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trabalho, jovens, financeiro, finanças, investimento, bolsa, corretoras, analista Pedro Catarino
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As novas gerações estão a redefinir a ideia de sucesso profissional, aponta o estudo "2025 Gen Z and Millennial Survey", da Deloitte, que diz que os jovens não se contentam com salários competitivos. Querem, acima de tudo, um trabalho com significado e que respeite o seu bem-estar.

A pesquisa, que envolveu mais de 23 mil participantes de 44 países, revela que a Geração Z (nascidos entre 1995 e 2006) e os millennials (1983 a 1994) constituirão 74% da força laboral mundial até 2030. No entanto, poucos aspiram à liderança: apenas 6% dos Gen Z identificam esse como objetivo principal, optando antes pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional, desenvolvimento contínuo e impacto positivo.

O estudo mostra que 70% dos Gen Z e 59% dos millennials procuram desenvolver novas competências semanalmente, muitas vezes fora do horário laboral. Entre os motivos para escolher um empregador, destacam-se o equilíbrio vida/trabalho, oportunidades de progressão e de aprendizagem.

Contudo, há uma lacuna nas expectativas em relação aos gestores: os jovens esperam uma liderança inspiradora, mentoria e apoio emocional, mas sentem que os superiores estão mais focados em supervisionar as tarefas diárias. Segundo o relatório, só 13% do tempo dos gestores é dedicado ao desenvolvimento de equipas.

A tecnologia, nomeadamente a inteligência artificial generativa (GenAI), também já faz parte da rotina: 57% dos Gen Z e 56% dos millennials utilizam estas ferramentas no trabalho. Muitos reconhecem os benefícios, mas expressam preocupações com a automação de funções e, sobretudo, com a exclusão de jovens no mercado laboral. "A IA pode aumentar o fosso económico, beneficiando apenas quem controla estas tecnologias", alerta um millennial citado pelo estudo.

Dinheiro, sentido e bem-estar

A procura de um emprego que equilibre três dimensões — remuneração justa, propósito e saúde mental — é central para a satisfação profissional. Os dados da Deloitte mostram que Gen Z (60%) e millennials (68%) com segurança financeira apresentam níveis mais altos de felicidade, quando comparados com os financeiramente inseguros (28% e 31%, respetivamente).

A ausência de propósito no trabalho é um dos principais fatores que impacta a saúde mental. Quatro em cada dez jovens afirmam que a falta de sentido contribui para o stress, e 44% dos Gen Z e 45% dos millennials já abandonaram empregos por não sentirem alinhamento com os próprios valores. "O trabalho ideal é aquele que faz uma contribuição positiva para a sociedade e que me realiza pessoalmente", explica um jovem Gen Z, também citado pelo relatório da consultora.

O estudo alerta ainda que, para atrair e reter talento, as empresas devem ir além de salários competitivos - é fundamental criar ambientes de reconhecimento e com oportunidades reais de crescimento. Menos de 60% dos inquiridos avaliam o seu bem-estar como bom, com as longas jornadas de trabalho, falta de reconhecimento e cultura tóxica na empresa a encabeçarem as principais queixas.

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