O Commitment to Development Index (CDI) 2025 deixa claro que as principais economias mundiais estão a recuar no esforço de financiar o desenvolvimento global. O relatório é claro ao afirmar que “a maioria dos países está a dar menos financiamento para o desenvolvimento internacional do que estavam no CDI 2023”, uma tendência que se verifica antes ainda de os cortes anunciados por Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha entrarem nos números oficiais.
Num momento marcado por várias crises em simultâneo, da guerra na Ucrânia aos efeitos duradouros da pandemia, os autores sublinham que, “com níveis de financiamento para o desenvolvimento a cair, é mais importante do que nunca olhar para além da ajuda”. Além de darem menos, “os países estão também a reduzir a quota do seu financiamento canalizada por instituições multilaterais”, enfraquecendo mecanismos com tendência para serem mais eficazes e coordenados.
Ainda assim, há países que se destacam pela positiva, como a Suécia, que volta a liderar o CDI graças ao bom desempenho em matéria de ambiente, saúde e finanças para o desenvolvimento. No entanto, o relatório realça que “a sua vantagem sobre os países seguintes tem diminuído”. A Alemanha surge em segundo lugar e lidera no ranking ajustado ao rendimento, sobretudo devido às políticas migratórias. “A Alemanha surge no topo do componente de migração após aumentos significativos no número de migrantes e refugiados aceites per capita”, lê-se.
Entre 2020 e 2022, “o país CDI médio aceitou mais 70% de migrantes por população”, passando de 66 para 112 por cada 10 mil habitantes, sobretudo impulsionado pela chegada de pessoas vindas da Ucrânia, Rússia e Marrocos. Há ainda progressos ambientais, com quase três quartos dos países a terem conseguido reduzir as emissões per capita entre 2019 e 2023. Contudo, o total de emissões aumentou 3%, em grande medida devido ao crescimento registado na China.
No reverso da medalha, os subsídios aos combustíveis fósseis aumentaram significativamente. O relatório destaca que “as subvenções para combustíveis fósseis aumentaram na maioria dos países do CDI”, duplicando de 0,23% para 0,48% do rendimento nacional coletivo entre 2021 e 2022. A invasão russa da Ucrânia e a crise energética explicam parte deste salto.
Há ainda sinais de melhoria no modo como os países desenham os seus projetos de desenvolvimento, que incluem agora “mais objetivos definidos pelos próprios países beneficiários” e que permite maior alinhamento e eficácia do apoio. Mas os autores avisam que há trabalho a fazer para evitar um contínuo desinvestimento no desenvolvimento global.