A União Europeia confirmou ter conseguido mobilizar mais de 15,5 mil milhões de euros para impulsionar a transição energética em África, no âmbito de uma campanha internacional para atrair investimento público e privado para projetos de energia limpa. O objetivo é agora transformar o potencial renovável do continente e expandir o acesso à eletricidade, numa região onde 600 milhões de pessoas continuam sem fornecimento fiável.
Com a liderança da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, a iniciativa combina já as contribuições da Comissão, dos Estados-membros, das instituições financeiras europeias e de capitais privados. O pacote inclui ainda projetos integrados no Global Gateway, com cofinanciamento da Alemanha, França, Dinamarca, Itália, Países Baixos e Espanha, assim como do Banco Europeu de Investimento e do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento.
“Hoje, o mundo deu um passo em frente por África. Com 15,5 mil milhões de euros, estamos a acelerar a transição energética do continente”, afirmou Ursula von der Leyen. Segundo a presidente da Comissão, o investimento poderá permitir que “milhões de pessoas tenham acesso a eletricidade” e ter um impacto “verdadeiramente transformador para famílias, empresas e comunidades inteiras”.
Dos mais de 10 mil milhões de euros anunciados por Von der Leyen em nome da Team Europe, 7 mil milhões foram confirmados no evento final da campanha, em Joanesburgo, na véspera do início do G20. Juntaram-se ainda as contribuições bilaterais de vários países europeus (cerca de 4,9 mil milhões de euros), incluindo Portugal que entrou com 113 milhões de euros.
Do ponto de vista energético, os compromissos assumidos vão permitir gerar 26,8 GW de nova capacidade renovável e levar eletricidade a 17,5 milhões de lares no continente africano. O Banco Africano de Desenvolvimento comprometeu-se também a dedicar pelo menos 20% do seu fundo de desenvolvimento à energia limpa, enquanto a Noruega anunciou cerca de 53 milhões de euros adicionais para o período entre 2026 e 2028.
Apesar de África deter 60% dos melhores recursos solares do planeta, recebe apenas 2% a 3% do investimento energético global, uma realidade que a campanha lançada no final de 2024 queria alterar. Com a população africana a caminho de duplicar até 2050, o reforço das redes elétricas e da produção renovável é considerado ainda mais urgente.