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Cobalto foi vítima do fascínio pelos carros elétricos

Os preços do cobalto estavam a subir tanto no ano passado que muitos ladrões assaltavam os armazéns do porto mais movimentado da Europa para obterem o cobiçado metal. Agora, os preços estão em queda livre e as empresas mineiras sofrem o impacto financeiro.

mina cobalto congo
mina cobalto congo Bloomberg
04 de Março de 2019 às 21:53

O que aconteceu foi um caso clássico de escalada seguida de queda, comum entre as matérias-primas. No caso do cobalto, o motor de arranque foi a visão de Elon Musk [CEO da Tesla] de que os carros elétricos conquistariam o interesse popular e a consequente entrada em força de capital que apostou que o mundo precisaria de muito mais cobalto, componente fundamental das baterias de iões de lítio.

A intensificar esse fascínio esteve a visão amplamente aceite de que a oferta de cobalto é restrita. Geologicamente falando, o metal não é raro, mas é quase exclusivamente produzido como subproduto da produção de cobre e níquel.

Mas a ideia de que uma oferta maior de cobalto dependia de que esses metais tivessem preços mais altos acabou por ser um mito.

Em vez disso, a escalada dos preços do cobalto provocou uma explosão na oferta da República Democrática do Congo. Consequência: os preços caíram mais de 60% em relação ao pico de abril de 2018, para 15,88 dólares por libra-peso, refere a Fastmarkets.

Explosão da oferta

A Glencore, maior produtora de cobalto, ampliou essa liderança em 2018 com uma grande expansão de suas minas do Congo.

As empresas mineiras chinesas também aumentaram a sua produção para alimentar a procura crescente das fabricantes de baterias.

Corrida ao cobalto

 

Os preços recorde também desencadearam uma corrida ao "ouro dos tempos modernos" no Congo. Milhares de garimpeiros acorreram a explorar depósitos minerais ricos em cobalto, muitas vezes trabalhando ilegalmente em minas improvisadas e perigosas nas quais o minério é extraído à mão.

A oferta desses garimpeiros mais do que duplicou entre 2016 e 2018, segundo a corretora Darton Commodities.

Constituição de inventário

A Glencore está a acumular grandes stocks de cobalto na mina de Kamoto e nos armazéns da África do Sul depois de ter decidido suspender as vendas desta mina após a descoberta de minério radioativo.

Os baixos preços do cobalto também prejudicam financeiramente a Glencore. A empresa não cumpriu as estimativas dos analistas no último balanço dos resultados.

Recuperação à vista?

Apesar da depressão atual no mercado do cobalto, ainda há muito otimismo em relação ao futuro. As constutoras automóveis continuam a planear lançar modelos de carros elétricos e a Glencore poderá começar a eliminar a acumulação de cobalto em 2020, altura em que as vendas de carros devem começar a aumentar.

O Citigroup prevê que o cobalto valorize 16% este ano, porque a paralisação da mina Katanga acabará por criar um défice da matéria-prima no mercado. O CEO da Glencore, Ivan Glasenberg, descreveu o fraco desempenho do cobalto em 2018 como uma queda passageira e disse que os preços provavelmente estão a aproximar-se do ponto mais baixo – para depois retomarem.

(Texto original: How the Cobalt Market Fell Victim to Allure of Electric Cars)

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