Minério de ferro volta a inundar mercados e preços começam a afundar
O período de grandes ganhos que foi vivido pela matéria-prima ao longo de 2019 parece estar condenado a terminar.
O minério de ferro teve um ano de grandes disrupções na oferta, e este "vazio" abriu espaço para que os preços engordassem. Contudo, esta tendência parece estar condenada a uma inversão e os preços já estão em queda.
Os contratos futuros de minério de ferro estão a cair 1,5% em Singapura para os 80 dólares por tonelada, sendo previsível que esta seja a segunda semana de balanço negativo para a matéria-prima.
Durante a primeira metade do ano, o minério ganhou tração e entrou num rally que o levou aos 126 dólares por tonelada, numa escalada de cerca de 77% nos preços. A matéria-prima atingiu, desta forma, máximos de janeiro de 2014. Olhando às cotações atuais, os ganhos desde o início do ano já moderaram para os 30%.
Um dos grandes fornecedores de minério de ferro, a Austrália, lançou um aviso de que os preços deste minério devem descer aos 60 dólares no próximo ano, embora se espere que a descida seja gradual: deverá ocorrer à medida que a produção vai recuperando o equilíbrio.
Durante o ano que está a terminar, a produção no Brasil e na Austrália sofreu um grande abalo, com o número de embarcações a quererem descarregar o minério na China – o grande importador - a posicionar-se perto de mínimos históricos. Paralelamente, a produção de aço, um metal que contém ferro na sua composição, aumentou.
Por esta altura, os portos na China estão a recuperar, com as reservas de minério de ferro nos portos a registarem aumentos. O grupo Rio Tinto, produtor brasileiro cujas disrupções de oferta tiveram um impacto substancial no mercado uma vez que se trata do segundo maior produtor a nível mundial, prevê que as entregas aumentem 5% em 2020. Assim que uma nova mina estiver pronta a ser explorada, no final de 2021, o mesmo representante do setor espera conseguir atingir, consistentemente, os 360 milhões de toneladas por ano.
O Morgan Stanley é defensor da tese de que os preços do minério de ferro se mantenham elevados no início de 2020 mas que aliviem à medida que o ano avança. Coloca esta matéria-prima entre as que devem sair menos favorecidas nos próximos 12 meses.
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