Quando andava no jardim-de-infância, aquilo de que eu mais gostava era de praticar desporto. Adorava a cama elástica e a natação. Um dia, a minha educadora teve a ideia de fazer um rancho, que tinha um acordeão. Aquele instrumento, o objecto em si, fascinou-me de imediato. Nesse mesmo dia, pedi à minha mãe para aprender a tocar. Ainda hoje, sempre que vejo um acordeão, tenho de ir espreitá-lo. A maior parte das pessoas pensa num acordeão como um instrumento de música popular portuguesa, e é, e ainda bem que assim é, mas há um circuito mais pequeno, quase de nicho, em que o acordeão está ligado à música contemporânea, neste caso, ao jazz, sobretudo, ao jazz. Cerca de 90% do meu tempo é dedicado ao jazz.