Laura Alcoba: “Não se pode esconder a verdade às crianças – não se consegue”
“É esquisito como se mente às crianças. Muitas vezes, elas fingem que acreditam nas histórias que lhes contam para deixarem os adultos sossegados. E, quando a realidade é muito violenta, as crianças inventam uma história – é a sua forma de resistir”, diz a escritora franco-argentina Laura Alcoba, autora do livro “Naquele Dia”, onde aborda a resiliência de uma menina que sobreviveu a uma tragédia. A romancista fala do medo e do silêncio das crianças em contextos de violência – tema que também explora nas obras autobiográficas “La casa de los conejos” e “La danza de la araña”.
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Quando a realidade é muito violenta, as crianças tendem a inventar uma história - é a sua forma de resistir. Sabem o que se passou, mas fingem acreditar nas mentiras, sobretudo para sossegar os adultos, diz a escritora Laura Alcoba. Viveu na Argentina até aos dez anos, altura em que a família se mudou para Paris, fugindo à ditadura. Filha de guerrilheiros políticos, passou parte da infância na clandestinidade, experiência que aborda em livros como "A Casa dos Coelhos". Fala do medo e dos silêncios. Fala da resiliência das crianças em contexto de violência. É também isso que faz no livro "Naquele Dia", que parte do caso real de um duplo infanticídio nos arredores de Paris, nos anos 1980. Uma mãe mata os filhos num dia de loucura. Sobrevive Flavia, a filha mais velha. Laura encontrou-se com mãe e filha - Griselda e Flavia, nomes fictícios - e retrata esta história de horror e de sobrevivência. A escritora franco-argentina é também autora de livros como "La dance de l’araignée", vencedor do Prémio Marcel Pagnol, e prepara uma nova obra, "Minuit à bord", sobre os perigos à espreita na Europa.
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