Necessários e mal pagos
A pandemia deu protagonismo aos estafetas da entrega de comida, mas também deixou exposta a sua precariedade. Portugal prepara alterações à legislação e por todo o mundo o futuro do trabalho mediado por plataformas digitais parece estar a mudar. Todos defendem um maior equilíbrio entre flexibilidade e segurança, um algoritmo difícil
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Longe do aglomerado de estafetas que se acotovelam a curta distância do McDonald’s da Avenida da República, em Lisboa, Ana Cláudia Sestini aguarda alguns quarteirões à frente a chamada de uma das plataformas com quem trabalha: Uber Eats e Bolt (usa um saco Glovo, por ser mais confortável para as costas). A porta de serviço de um concorrido restaurante italiano fica logo ali e o local permite-lhe acesso rápido a outros estabelecimentos das Avenidas Novas - pormenores que fazem diferença, sobretudo em alturas de pouco trabalho. Antes da pandemia, os estafetas que conhecia ganhavam 500 euros por semana, às vezes mais. Agora, pode ficar-se por metade disso, 200 ou 300. Pode trabalhar sete horas e levar para casa 30 euros. No pior dia, "fez" 12 euros, que "não pagaram a gasolina". "A semana passada foi muito ruim", queixa-se.
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