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Série Escritoras Desconhecidas: Olga Gonçalves

Fez um dos mais interessantes retratos do Portugal pós-25 de Abril. Foi uma das pessoas que mais trabalhou a emigração portuguesa na literatura contemporânea. Criou uma linguagem inovadora. Tinha tudo para fazer parte do cânone, ser lida nas escolas, no entanto, quase ninguém, hoje, sabe quem foi Olga Gonçalves. Estava talvez à frente do seu tempo. É mais lida fora de Portugal, onde faz parte de currículos de cursos de literatura portuguesa em universidades estrangeiras. Uma mulher talentosa e complexa, uma mulher solitária com muitos amigos, morreu há 15 anos com 75 anos, sem deixar quase rasto.

Olga Gonçalves
Olga Gonçalves Lusa
16 de Agosto de 2019 às 14:45
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1. A primeira coisa que Zeferino Coelho, editor da Caminho, diz é que ela era misteriosa. Conheceu-a através de José Saramago, ou melhor, terá sido Saramago, que era amigo dela, a sugerir a Olga Gonçalves que publicasse na Caminho. Nessa altura, em 1986, quando Zeferino Coelho publica o romance "Sara", Olga Gonçalves já tinha publicado vários livros em várias editoras. Tinha publicado poesia e prosa. Tinha tido muitas críticas, algumas boas, entusiastas, e outras menos boas, mas todas levando-a a sério como escritora. Já tinha sido traduzida para outras línguas. Já tinha ganho um importante prémio literário, o Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa, com "A Floresta em Bremerhaven", que publicou em 1975, e que fazia um retrato acutilante de Portugal, naquele período de enorme transformação, através de várias vozes, sobretudo as de um casal de emigrantes regressado da Alemanha. Tinha provocado alguma sensação com o livro "Mandei-lhe uma Boca", o relato de uma adolescente no pós-25 de Abril, quando a liberdade se começava a estender aos costumes e à sexualidade dos portugueses e - de forma mais marcante - das portuguesas.

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