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Abrandamento do emprego nos EUA praticamente garante corte de juros pela Fed

Em agosto, foram criados apenas 22 mil empregos, abaixo da previsão de 75 mil. A taxa de desemprego atinge os níveis mais altos desde 2021, com uma subida para 4,3%.

Criação de empregos nos EUA abranda, mas Fed considera cortes de juros
Criação de empregos nos EUA abranda, mas Fed considera cortes de juros Julia Demaree Nikhinson / AP
16:26

O mercado de trabalho norte-americano deu novos sinais de fragilidade em agosto, alimentando a convicção de que a Reserva Federal avançará com um corte nas taxas de juro já na reunião de 16 e 17 de setembro. Os "payrolls” não-agrícolas, indicador central da evolução do emprego, aumentaram apenas 22 mil no mês passado, muito aquém da previsão de 75 mil, segundo o Gabinete de Estatísticas Laborais (BLS na sigla em inglês). Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego subiu para 4,3%, o nível mais alto desde 2021.

As revisões também trouxeram más notícias: junho registou a primeira queda de emprego desde 2020, com menos 13 mil postos de trabalho, revertendo o crescimento inicialmente reportado. , o crescimento médio do emprego nos últimos três meses caiu para apenas 29 mil vagas, menos de metade da média de 82 mil registada no mesmo período de 2024.

A fraqueza foi generalizada. Setores como informação, atividades financeiras, manufatura e serviços empresariais registaram perdas, enquanto os ganhos ficaram concentrados em saúde e lazer. Mesmo esse apoio começa a vacilar: a saúde, tradicionalmente um dos motores mais sólidos, criou 31 mil empregos em agosto, abaixo da média mensal de 42 mil do último ano. “O mercado de trabalho está a passar de congelado a rachado. Esta é uma recessão tanto de colarinho branco como azul”, resumiu Heather Long, economista-chefe do Navy Federal Credit Union, citada pela Bloomberg.

Os sinais de enfraquecimento já tinham levado o presidente da Fed, Jerome Powell, a que um corte de juros poderia estar próximo, reconhecendo que os riscos no mercado laboral estavam a aumentar.

O relatório também mostrou que os problemas não se limitam ao lado das contratações. A Reuters destaca que, em julho, pela primeira vez desde a pandemia, o número de desempregados ultrapassou o de vagas disponíveis. Além disso, aumentou o número de pessoas que perderam o emprego de forma permanente, bem como o de trabalhadores em situação de desemprego prolongado.

A pressão política sobre o BLS também cresceu. O presidente Donald Trump demitiu a comissária Erika McEntarfer após as revisões em baixa, acusando-a, sem apresentar provas, de manipular os números. Nomeou para o cargo E.J. Antoni, economista da Heritage Foundation, cuja confirmação ainda depende do Senado.

O sino de alerta que soou no mês passado ficou agora mais alto”, afirmou Olu Sonola, chefe de pesquisa económica nos EUA da Fitch Ratings, à Reuters. Para o analista, a Fed deve privilegiar a estabilidade do mercado de trabalho face à sua meta de inflação de 2%.

Segundo a Bloomberg, “o fraco relatório de agosto sela a decisão de um corte de juros na reunião de setembro”, mesmo com a inflação ainda a preocupar os decisores monetários. O diagnóstico é partilhado por muitos economistas, que apontam para um mercado com “baixo dinamismo”: pouco recrutamento, poucas demissões, mas com crescimento praticamente estagnado.

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