Quinta do Crasto Porto Colheita: chegou e já não há
A meu ver, a Quinta do Crasto merecia uma estudo académico porque, em pouco menos de vinte anos, transformou-se num farol de promoção do Douro a nível internacional, com os seus vinhos pontuados ao mais alto nível pelos gurus que ditam as regras do negócio.
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Como estamos em Portugal, as opiniões dividiam-se. Houve quem dissesse que o sucesso da empresa se devia ao facto de uma família com nome sonante (Roquette) ter caído em graça perante Robert Parker. E havia quem contra-argumentasse que aqui há um trabalho muito bem feito, calculado ao milímetro e ao longo de anos na construção de uma marca.
Confesso que, entre uns e outros, não decidia em qual dos pratos da balança me colocaria. Mas isso foi só até ao momento em que, colheita após colheita, comecei a sentir que um dos mais fascinantes azeites do país se chamava Quinta do Crasto Premium. Azeite invulgar, deslumbrante e difícil de descrever. E, no dia em que fiquei a saber que na nova propriedade do grupo, a Quinta da Cabreira, no Douro Superior, se haviam transplantado, para melhores terrenos, 400 oliveiras antigas (quem no Douro se lembraria de tal coisa?), aqui o meu pensamento foi do género 'alto e para o baile' que isto é não é marketing. Isso é uma coisa séria. Isso é levar a perfeição ao limite.
Ora, os azeites entram aqui na conversa como um simples apontamento para realçar a obsessão da família Roquette pela qualidade de tudo o que faz. Este Quinta do Crasto Porto Colheita 1997 é um vinho procurado há muito tempo entre os melhores vinhos de vinhas velhas que foram sendo deixados em paz na adega. Vinho de uma única colheita e deixado estagiar pelo menos sete anos em casco, tem o pretexto de homenagear Fernando Moreira d'Almeida, filho de Constantino de Almeida (fundador da marca Vinhos Constantino), avô de Miguel e Tomás Roquette, a actual geração que governa os destinos na Quinta do Crasto. É só um pretexto porque o vinho é um belo representante daquilo que é o Porto Colheita. Vinho nobre, meio misterioso e deslumbrante quando passa muitos anos em casco.
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Não será, no que diz respeito à evolução no tempo, o caso deste Crasto, porque das 3000 garrafas embaladas não resta nada na adega. Está tudo nas lojas. Aliás, um importador russo que provou o vinho há algum tempo ficou tão encantado que queria comprar o "stock" todo, coisa imediatamente recusada. Lá está. Tenho cá para mim que se a família Roquette decidisse criar uma linha de frutos secos, de enchidos, manteigas ou outra coisa qualquer do Douro, isso seria sucesso garantido. O selo Crasto tem muita força. É a justa recompensa por uma estratégia bem desenhada nos últimos 20 anos.
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Saber mais Quinta do Crasto vinhos Porto Douro Barca Velha Roquette Robert ParkerO manipulador inconstante
Mais impostos? Bien sür…!
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