Se na semana passada começámos por falar dos vícios que o tempo infiltra na profissão de crítico de vinhos (aquela arroganciazinha de casta), nesta viramos o bico ao prego - salvo seja - para dizer que alguma experiência nos dá certas e justificadas liberdades de pensamento. E uma delas é a seguinte: se mandássemos no mundo do vinho em Portugal pagaríamos bom dinheiro a Anselmo Mendes para andar pelo país e fazer com as castas nobres de cada região vitícola o que ele fez com o Alvarinho e o Loureiro no Minho. No meio enófilo, o técnico nascido em Monção é conhecido como "o senhor Alvarinho" por causa do trabalho de formiga que desenvolve ao longo de décadas na vinha, na adega, ou no laboratório. Não sendo um típico cientista de bata branca, tem muita ciência criada a partir das 27 vindimas, pese embora enfatizar que inicia cada colheita sempre com o "nervosinho de estagiário. Cada vindima é como se fosse a primeira vez".