BdP revê crescimento em alta para 1,8% e vê inflação recuar para 5,5%
A evolução da exportação dos serviços turísticos e a quebra dos preços da energia nos mercados internacionais deixam o Banco de Portugal (BdP) um pouco mais otimista quanto ao andamento da economia em 2023, com o crescimento a ser revisto em alta e a inflação em baixa face às previsões apresentadas pela instituição em dezembro último.
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Se há três meses o Banco de Portugal esperava um crescimento do PIB em 1,5%, em termos reais, acima dos dados que o Governo pôs no Orçamento deste ano, melhora ainda mais as perspetivas no Boletim Económico de março, apresentado nesta sexta-feira. Para 2023, a economia deverá expandir-se em 1,8%, segundo a instituição liderada por Mário Centeno.
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A atualização em três décimas reflete "uma evolução mais favorável das exportações de turismo e, em menor grau, do consumo privado no início do ano".
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As projeções antecipam agora uma subida das exportações em 4,7% (4,3% em dezembro), com menor subida nas importações (2,4% contra 3% nas últimas previsões).
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A evolução da procura interna, por outro lado, sofre uma revisão ligeira em baixa (de 0,9% para 0,8% de crescimento), com o Banco de Portugal menos otimista sobretudo quanto à subida do investimento traduzido em formação bruta de capital fixo - recua seis décimas face à previsão de dezembro, para 2,3%, condicionado pela subida dos juros -, e em menor grau no consumo público (revisão de 1,9% para 1,8%).
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Ainda assim, o boletim antecipa uma melhoria ligeira no consumo privado face a dezembro, prevendo agora 0,3% (0,2% na previsão anterior). A melhoria é enquadrada "pelo crescimento contido do rendimento disponível real e pela recuperação da taxa de poupança". Esta evoluiu de 5,8% para 6,1% nos dois trimestres finais de 2022 (6,1% na média de 2022), segundo dados divulgados também nesta sexta-feira pelo INE.
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Segundo o Banco de Portugal, "o ritmo de crescimento do PIB deverá aumentar ao longo de 2023 e a inflação deverá reduzir-se de 8,4% no primeiro trimestre para 3,2% no quarto trimestre".
Para o conjunto de 2023, a inflação total agora prevista – medida segundo o índice harmonizado para comparações europeias, o IHPC – é de 5,5%, ficando três décimas abaixo da previsão de dezembro, sobretudo em resultado da evolução dos preços do petróleo e do gás natural nos mercados internacionais. É esperada uma descida de 7,6% nos preços dos bens energéticos.
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"Nos próximos trimestres, a descida da inflação assentará essencialmente na evolução dos preços dos bens energéticos e alimentares, mas a sua magnitude é incerta", avisa, porém, o Banco de Portugal, que por outro lado vê agravadas as pressões mais persistentes de preços, aquelas que se sentem no cabaz que exclui alimentos não transformados e energia.
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Agora, a instituição admite que a inflação subjacente alcance os 6,7%, quando há três meses a expetativa era de apenas 6%.
"A moderação no aumento dos preços dos outros bens e serviços será mais lenta, devido a efeitos desfasados dos preços dos bens energéticos, à recuperação das margens de lucro e ao crescimento dos salários", explica o Boletim Económico.
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Na área do euro, a evolução da inflação subjacente tem alimentado expetativas mais subidas de juros e por mais tempo por parte do Banco Central Europeu, lembra o Banco de Portugal.
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Segundo este, a taxa de juro de curto prazo em que esta projeção ultrapassa 4% na segunda metade de 2023 e mantém-se acima de 3% no final do horizonte.
O impacto das taxas elevadas, contudo, é atenuado pela redução do endividamento do setor privado observada, poupanças acumuladas e pela recuperação gradual dos setores mais atingidos durante a pandemia.
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