Empresas portuguesas reduzem margens de lucro nas exportações para os EUA
As empresas portuguesas estão a registar menores margens de lucro nas exportações para os Estados Unidos da América com a nova política aduaneira do Presidente Donald Trump, indica uma análise do Banco de Portugal (BdP).
No Boletim Económico de outubro de 2025, divulgado esta segunda-feira, o banco central faz uma "avaliação preliminar" dos efeitos da "política económica da nova administração norte-americana" sobre as exportações portuguesas de bens para os EUA, medindo o comportamento das vendas "no período pré e pós-eleição" de Donald Trump.
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A política aduaneira da Casa Branca, refere o BdP, "desencadeou um aumento acentuado da incerteza, a depreciação do dólar e a subida dos direitos aduaneiros cobrados pelos EUA às exportações dos seus parceiros comerciais" e, para Portugal, os resultados sugerem "um impacto negativo e estatisticamente significativo nas taxas de variação do valor exportado e do preço de exportação" das empresas nacionais para o mercado norte-americano.
Para chegar a esta conclusão, o BdP faz uma comparação entre o comportamento das vendas de bens entre novembro de 2024 (mês da eleição) e junho de 2025 (últimos dados disponíveis).
Do primeiro para o segundo observa-se "uma diminuição de sete pontos percentuais no crescimento do valor exportado e de dois pontos percentuais no crescimento do preço de exportação para os EUA em comparação com outros destinos" para onde Portugal vende bens.
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A análise à evolução do comércio internacional "sugere uma redução do crescimento médio do valor e dos preços das exportações portuguesas para os EUA", reforça o banco central.
Nesta análise, o BdP excluiu os combustíveis e os produtos farmacêuticos, dada a "elevada volatilidade" das vendas, mesmo que os dois setores tenham um "peso elevado no total das exportações de Portugal para os EUA (19,4% e 22,2% em 2024, respetivamente)".
A diminuição da taxa de crescimento do valor das exportações para os EUA "é particularmente acentuada no caso das empresas de menor dimensão, atingindo nove pontos percentuais", diz ainda o BdP.
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O facto de o impacto ser "mais pronunciado no valor do que no preço de exportação" sugere, segundo o banco central, que existe uma "contração relativa" dos volumes das vendas.
"Embora o preço de exportação em euros para os EUA tenha registado um crescimento inferior após a eleição, o preço em dólares enfrentado pelos importadores americanos resulta da conversão cambial para dólares, assim como da inclusão dos direitos aduaneiros, entre outros elementos", lê-se no boletim.
"O aumento desses direitos e a depreciação do dólar (de 8% entre novembro de 2024 e junho de 2025) terão contribuído para aumentar o preço em dólares para os importadores americanos e, por essa via, para a redução do crescimento dos volumes exportados para os EUA", conclui o BdP.
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No mesmo documento, o supervisor bancário nota que as empresas exportadoras com maior exposição ao mercado dos Estados Unidos têm uma dimensão média elevada, quer quanto ao volume de vendas, quer quanto ao número de trabalhadores, mas o seu peso no total das empresas é pequeno.
"As empresas com maior exposição aos EUA têm uma dimensão superior às restantes empresas da indústria transformadora. Em 2024, estas empresas tiveram, em média, vendas de 17,5 milhões de euros, o que contrasta com três milhões de euros para o total da indústria transformadora", indica.
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