Depois do susto das tarifas, Bruxelas vê Zona Euro a acelerar em 2025
Após o acordo comercial firmado com os Estados Unidos e com o crescimento a superar as expectativas, a Comissão Europeia reviu em alta a sua estimativa de crescimento para este ano, mas mostra-se ligeiramente menos otimista para o próximo.
“O crescimento continuado no terceiro trimestre é testemunha da resiliência da economia europeia e da sua capacidade de navegar choques sem precedentes”, afirma a Comissão Europeia nas Previsões Económicas de Outono, divulgadas nesta segunda-feira, 17 de novembro.
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De acordo com os números de Bruxelas, depois de a economia ter crescido 0,7% no ano passado, a estimativa é, agora, que a Zona Euro quase duplique o ritmo de crescimento este ano, ao crescer 1,3%.
A estimativa para este ano fica acima da previsão anterior, publicada na primavera, e que apontava para um crescimento de 0,9% este ano. A revisão em alta, de 0,4 pontos percentuais, é explicada com o crescimento “além do esperado nos primeiros nove meses do ano”, afirma a Comissão.
A performance acima do esperado deveu-se, inicialmente, a um salto nas exportações no arranque do ano, na antecipação do aumento dos custos das vendas para os Estados Unidos, perante o anúncio das tarifas chamadas de recíprocas de Donald Trump. Mas Bruxelas aponta também o investimento em equipamentos e ativos intangíveis, que também foi mais forte do que o esperado — especialmente na Irlanda, mas também noutros países.
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No entanto, os dados mostram que, “apesar de um ambiente externo desafiante”, as “condições para uma expansão da economia continuam presentes”, com o mercado de trabalho, a diminuição da inflação e a melhoria das condições de financiamento a puxar pela economia.
Apesar de as tarifas não terem custado tanto o esperado ao PIB da Zona Euro este ano, Bruxelas estima que o impacto para os países da moeda única (a Comissão está já a considerar a Bulgária, que adere ao euro em janeiro) seja ligeiramente mais acentuado em 2026.
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É por isso que revê em ligeira baixa o crescimento esperado para o próximo ano, esperando agora que cresça 1,2%. São menos 0,2 pontos do que o previsto na primavera.
Recorde-se que no final de agosto a Comissão Europeia e a administração Trump fecharam um acordo comercial que fixa tarifas de 15% sobre a generalidade dos produtos "made in EU" que entrem nos Estados Unidos. Esse acordo colocou os custos das exportações europeias para solo norte-americano em valores recorde - e Bruxelas assume que assim se vão manter no horizonte de projeção, ou seja, até 2027.
A expectativa para esse ano é de uma ligeira aceleração, com Bruxelas a ver o PIB da Zona Euro a subir 1,4%.
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Segundo o comissário europeu com a pasta da Economia, Valdis Dombrovsksi, as tarifas penalizam a economia europeia em 0,1% e 0,3% entre este ano e 2027.
No conjunto da União Europeia (UE), Bruxelas aponta para crescimentos de 1,4% este ano e no próximo e de 1,5% em 2027, acima dos 1,1% e 1,5% esperandos anteriormente para 2025 e 2026, respetivamente (não havia ainda dados para 2027).
Ainda assim, a contribuição das exportações líquidas da União Europeia para o PIB deve ser negativa em 2025 e 2025, tornando-se depois praticamente neutra em 2027.
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É nesse sentido que Bruxelas avisa que a incerteza continuada na política económica vai continuar a pesar na atividade económica, admitindo que o impacto das tarifas e de disrupções nas cadeias de abastecimento "possam ser maiores do que o esperado".
"Dados os desafios externos, a UE deve desbloquear o crescimento interno. Isto significa acelerar a nossa agenda competitiva", defendeu Valdis Dombrovksis.
(Notícia atualizada)
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