FMI agrava pessimismo e diz que recessão será de 10% em Portugal

O Fundo defende que os Governos devem considerar a possibilidade de subir impostos aos mais ricos, bem como garantir que as empresas pagam na medida dos seus lucros.
Kristalina Georgieva FMI
EPA
Margarida Peixoto 13 de Outubro de 2020 às 13:30

O Fundo Monetário Internacional (FMI) está mais pessimista quanto ao andamento da economia portuguesa: para este ano, a instituição liderada por Kristalina Georgieva espera uma recessão de 10%. Já para o PIB mundial, o cenário está menos grave. Os números foram publicados esta terça-feira, no World Economic Outlook de outubro.

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A estimativa agora apresentada pelo FMI para Portugal compara com a projeção que tinha sido avançada logo em abril, quando a instituição antecipava uma contração de 8% do PIB. Agora, o cenário para a economia portuguesa agravou-se, dizem os peritos internacionais.

Esta projeção é a mais negativa de entre as apresentadas pelas principais instituições. A mais próxima é a da Comissão Europeia, que em julho apontou para uma recessão de 9,8%, seguindo-se a da OCDE (uma queda de 9,4%, prevista em junho) e a do Conselho das Finanças Públicas (que disse em setembro esperar uma contração de 9,3%). Mas o Banco de Portugal, por exemplo, melhorou em outubro a sua projeção, para uma queda de 8,1%.

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Para 2021 o FMI espera que a economia portuguesa cresça 6,5%, mais do que os 5% que eram antecipados em abril. A inflação deverá ficar em zero este ano, subindo depois ligeiramente para 1,1% em 2021 e a taxa de desemprego deverá disparar para 8,1% em 2020 e recuar para 7,7% no próximo ano. A economia deverá ter uma balança de conta corrente mais negativa tanto em 2020 (-3,1%) como em 2021 (-3,5%), face a 2019 (-0,1).

A degradação do número para Portugal contrasta com a atualização feita em alta para o PIB mundial, que o FMI espera agora que caia 4,4%. A melhoria para a economia mundial está justificada por um segundo trimestre melhor do que o previsto, bem como em indicadores que sugerem uma recuperação melhor do que o esperado também para o terceiro trimestre.

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JUST RELEASED: October 2020 World Economic Outlook. Global growth is projected at -4.4% in 2020 – an upward revision of 0.8% compared to our June update – and 5.2% in 2021, a little lower than in June. Read the latest #WEO. https://t.co/XMCO1emJHw pic.twitter.com/SlRuQMG0rr

Subir impostos a quem pode pagar mais

Perante a profunda recessão, o FMI indica que os Estados mais pequenos, e mais dependentes do turismo estão numa situação mais difícil e avisa que haverá perda de condições de vida, com aumento da pobreza e das desigualdades. Para os países mais endividados, o Fundo admite que se aumente a progressividade dos impostos, garantindo que quem tem mais suporte um custo superior da crise. Também sublinha que é importante que as empresas paguem uma fatia justa da crise, incentivando ao entendimento internacional para avançar com impostos digitais.

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"Os Governos poderão precisar de considerar o aumento da progressividade dos impostos", lê-se no documento, "para os indivíduos mais ricos e para os que foram comparativamente menos afetados pela crise (incluindo aumentar os impostos nos escalões de rendimento mais elevados, propriedade de luxo e na riqueza), bem como alterações nos impostos para as empresas que garantam que pagam de acordo com os seus lucros", acrescentam os peritos.

Ao mesmo tempo, o FMI argumenta "a favor do investimento público" e pede que os Governos procurem aumentar o potencial de crescimento das suas economias, dando mais atenção à necessidade de combater as alterações climáticas. 

Os riscos da conjuntura económica são "anormalmente elevados", indica o FMI, frisando que são no sentido descendente e muito dependentes da evolução da pandemia.

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FMI agrava pessimismo e diz que recessão será de 10% em Portugal
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