Banco de Portugal melhora projeção do PIB para 4,8% este ano
Apesar da expectativa mais otimista, a instituição liderada por Mário Centeno admite "efeitos duradouros" em alguns segmentos da economia.
O Banco de Portugal melhorou a projeção de crescimento para a economia portuguesa para 4,8%, em 2021. De entre as principais instituições que monitorizam Portugal, o banco central é agora a que apresenta uma perspetiva mais otimista para a evolução da economia nacional. Ainda assim, a instituição liderada por Mário Centeno admite "efeitos duradouros" em alguns segmentos da economia. O novo cenário macro consta do Boletim Económico de junho, publicado esta quarta-feira, em Lisboa.
"A recuperação é rápida", lê-se no documento da instituição liderada pelo governador Mário Centeno, que foi ministro das Finanças até 2020. "A natureza exógena do choque, a transmissão limitada ao sistema financeiro e a resposta tempestiva da política orçamental e monetária favorecem o regresso do PIB aos níveis do final de 2019, o que deverá acontecer no início de 2022", indica o relatório.
A projeção atualizada do PIB compara favoravelmente com a expectativa inscrita no documento de março, quando o Banco de Portugal antecipava um crescimento de apenas 3,9% para este ano. Também é melhor do que a projeção da Comissão Europeia, que em maio atualizou o seu número para 3,9%, e do que a da OCDE, que antecipou 3,7%.
A justificar a revisão em alta das previsões está a atividade no curto prazo, em especial a melhoria da confiança dos agentes económicos, "que se traduz numa reação mais rápida do que esperado" ao levantamento das medidas de confinamento iniciado em meados de março, explica o Banco de Portugal. Também se admite agora uma procura externa mais robusta, bem como um investimento maior, "em particular o público", soma a instituição.
A previsão de crescimento para este ano fica assim em linha com a expectativa do Governo. João Leão, ministro das Finanças, desenhou o Programa de Estabilidade, apresentado em abril, a contar com um crescimento de 4% do PIB. Mas subiu a fasquia em maio, quando numa entrevista à agência Lusa admitiu "um crescimento relativamente superior" este ano, que "pode ir até quase um ponto acima do que temos previsto".
O Banco de Portugal também está mais otimista para 2022, tendo melhorado a projeção de crescimento dos anteriores 5,2%, para 5,6%. Depois, em 2023 o PIB deverá crescer 2,4%, um número que se mantém inalterado face ao boletim de março.
A concretizar-se este cenário, Portugal chegará a 2023 com um PIB "semelhante" face a 2019, o ano pré-pandemia, antecipa o boletim.
Há partes da economia que não escapam a "efeitos duradouros"
Apesar do maior otimismo quanto à evolução do PIB português, "o choque deverá ter efeitos duradouros em alguns segmentos da economia mais afetados pela pandemia", admitem os economistas do Banco de Portugal. "A atividade não recupera até 2023 o nível de atividade projetado para esse ano antes da ocorrência da pandemia, embora a perda estimada seja contida", frisa o documento.
Ou seja, em 2023 a economia portuguesa não estará ainda no mesmo nível de atividade que teria, caso não tivesse acontecido a pandemia de covid-19. O boletim explica que por causa do efeito mais duradouro em alguns segmentos da economia, será preciso realocar os fatores produtivos.
Outro ponto que o Banco de Portugal assinala é a "a situação frágil de alguns grupos de indivíduos do mercado de trabalho, com implicações sobre a desigualdade". Aliás, a instituição sublinha que as projeções agora apresentadas presumem que os apoios à economia não são retirados de forma abrupta.
(Notícia em atualização)
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